Renault Zoe seria um elétrico para o presente. Seria

Hatch atrai interesse do público, mas pontos de recarga escassos tornam sua utilização insegura
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Lukas Kenji
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Piscadas com farol alto jorrando seu retrovisor por volta das 18h de uma sexta-feira. Provavelmente, um aviso de que sua porta está aberta ou de você fez alguma besteira. Nada disso. Na verdade, a condutora do Fiat 500 que mudou de faixa para chegar ao lado da sua janela só queria perguntar: “quando esse carro vai ser vendido? Eu preciso muito dele!”

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Mas a empolgação logo virou frustação ao ser informada de que o Renault Zoe não tem previsão para chegar às lojas brasileiras e que só circula por aqui em testes em empresas e instituições ligadas a governos fcaptionais e estaduais.

Outras quatro abordagens curiosas sobre a unidade que ostentava grandes adesivos laterais mostraram que a experiência mais chamativa de rodar com um carro elétrico pela cidade de São Paulo é o interesse que ele desperta no público. Ninguém teve receio em perguntar qual o preço do Zoe, que teria valor equivalente a aproximadamente R$ 100 mil, levando em consideração a tabela de 22.500 euros aplicada na França, onde é fabricado.

Se no país europeu há incentivos como bônus de 10 mil euros na troca de um veículo movido a combustível fóssil por um elétrico, por aqui não houve avanços em relação a isenções de impostos. Portanto, um carro elétrico possui a mesma tributação de 30% sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que os importados têm.

Em São Paulo, a Prefeitura anunciou recentemente desconto de 50% no IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), além de isenção do rodízio municipal de circulação. As medidas também foram estendidas ao híbridos.

Mas a disponibilidade de elétricos ao público restringe-se ao BMW i3, tabelado a partir de R$ 225.200. Mais comum nas ruas, o Nissan Leaf roda no País por meio de parceria de prefeituras com associoções de taxistas.

INSEGURANÇA FREQUENTE

A escassez de oferta reflete na disponibilidade de pontos de recarga. Em São Paulo, existe apenas um ponto com terminal com plug compatível ao do Zoe e que também serve ao i3. Mas se o BMW também pode ser recarregado em casa, o Renault fica refém do terminal instalado em um shopping na Avenida Paulista.

A consequência desse fato é a insegurança. Imagine que você vive na maior cidade do País e pode abastecer seu carro em apenas um ponto da cidade. Este incômodo fez com que a reportagem da WebMotors ficasse farta de ir ao shopping: foram quatro visitas em seis dias.

Por mais que o Zoe tenha autonomia declarada de 240 quilômetros e que o carro tenha quase sempre autonomia maior do que a mostrada no painel, é inpensável conviver em tal cenário. Ressalta-se, que uma carga completa da bateria demora cerca de três horas para ser efetuada e que todas as ocasiões em que o painel mostrou que a recarga atingira o 100%, o veículo tinha autonomia de 180 quilômetros, ou seja, longe dos dados informados pela Renault.

A ressalva é de que, se o Zoe fosse comercializado no Brasil, certamente a Renault trabalharia na adequação do plug para a rede elétrica doméstica, além de firmar parcerias com mais estabelecimentos comerciais para a recarga do modelo.

Além disso, não dá para deixar tudo na conta do carro. O maior empecílio para a importação ou fabricação de mais elétricos para o País é a falta de infraestrutura urbana para que os elétricos circulem com tranquilidade. Neste vídeo, a WebMotors mostra como funciona o sistema de compartilhamento de elétricos na Europa e a vasta quantidade de terminais de recarga disponíveis nas ruas.

Mas se as questões externas ao Zoe são complicadas, a convivência com o carro tem tranquilidade comparável ao silêncio exalado no carro: consultar o painel para ver que o aviso de que o automóvel está ligado é ocorrência comum.

O próprio procedimento de recarga é simples. Basta plugar o cabo guardado no porta-malas ao terminal de recarga e ao plug sobre o logo da Renault na grade frontal. Pronto, um aviso no painel indica o nível de carga da bateria e o tempo restante para que a recarga seja completa.

MAS E RODANDO?

Rodando, também não há segredo. Diferentemente do i3, o Zoe não é um veículo futurista. Funciona como qualquer hatch automático.

O itens mais tecnológicos são o painel de instrumentos, todo digital, e a central multimídia (com design igual ao do Clio europeu) que mostra como funciona o sistema de frenagem regenerativa, que recupera a energia da frenagem e a transfere para o motor elétrico. O sistema aumenta a autonomia do carro, o que incentiva um estilo de condução de antecipação. Ou seja, se você frear antes, gastará menos força do motor e ganhará mais autonomia.

Falando no propulsor, ele possui números suficientes para que sua viagem seja tranquila. São 65 kW, que significam 88 cv de potência e 22,4 kgf.m de torque máximo que traciona as rodas dianteiras. O motor é acoplado a um câmbio automático de apenas duas velocidades (ré e à frente).

Com isso, o veículo pode chegar a 135 km/h, sendo que os 100 km/h são alcançados em 13,5 segundos.

O maior problema de rodar no Zoe é a incômoda suspensão que não foi tropicalizada e sofre com o asfalto brasileiro. Dura, deixa o carro quicando frequentemente.

UM ELÉTRICO PARA O PRESENTE

Em relação a acabamento, o simpático hatch está de parabéns. A unidade novinha testada (chegou a nossas mãos com 16 quilômetros rodadas) tem interior bicolor em preto e bege, com bancos de couro e encaixe perfeito das peças. Por fora, a carroceria redonda e de linhas fluidas pintada de azul numa tonalidade clara combina com o azul que detalhava diversos componentes dos faróis e lanternas.

A carroceria apresenta ainda medidas de um hatch compacto. São 4,08 metros de comprimentos, sendo 2,59 m resguardados para a distância entre-eixos. O espaço para as pernas é bom, mas o maior problema fica por conta da altura de 1,54 m. O número aceitável, mas a queda do teto na parte traseira faz com que pessoas de cerca de 1,80 m tenham de inclinar-se.

Todas estas características mostram que o Zoe não seria um carro certo para o futuro, mas sim para o presente, para o agora. Entretanto, questões externas ao automóvel em si tornam impensável seu uso no momento. 

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