O Renault Kwid Intense é simples, racional e honesto. Entrega o que propõe - nem mais, nem menos. Destaca-se pelo preço inicial competitivo, itens de série (básico completo), performance e baixo consumo de combustível.
Honesto e simples. Assim defini, após um primeiro e rápido contato, o recém-chegado Renault Kwid. Agora, com pouco mais de 750 quilômetros rodados com a versão topo de linha Intense em menos de uma semana, me sinto confortável para acrescentar mais uma qualidade ao compacto: racional.
O Kwid é um típico urbanoide. Tem habilidade de sobra para viver entre os arranha-céus. É esperto. Até mesmo malandro, no bom sentido. Traz sob o capô motor 1.0 12V bicombustível de apenas três cilindros, o mesmo da família SCe que equipa Logan e Sandero, mas com tecnologias e recursos à menos, que resultam em 66 cv (g)/70 cv (e) de potência e 9,4 kgf.m (g)/9,8 kgf.m (e) de torque. Parece pouco. Porém, posso cravar que está na medida. Surpreende o pessimismo. E por um simples motivo: peso. O Kwid tem apenas 786 kg!
De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO, o Renault faz na cidade 10,3 km/l e 14,9 km/l quando abastecido com etanol e gasolina, respectivamente. Nas minhas medições, no entanto, os números foram ligeiramente superiores: 11,3 km/l (e) e 15,1 km/l (g)
Outro ponto que entrega agilidade ao Renault é a relação curta do câmbio manual de cinco velocidades. As quatro primeiras marchas deixam o Kwid com fôlego ideal para boas retomadas, quando em rotações médias e altas. Nas saídas dos semáforos, o compacto mostra vivacidade, mesmo em ladeiras mais íngremes. Interessante é que a quinta marcha não funciona como um ‘overdrive’, entregando agilidade entre 80 km/h e 90 km/h.
O resultado deste trio – motor, câmbio e peso – é um Kwid econômico. De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO, o Renault faz na cidade 10,3 km/l e 14,9 km/l quando abastecido com etanol e gasolina, respectivamente. Nas minhas medições, no entanto, os números foram ligeiramente superiores: 11,3 km/l (e) e 15,1 km/l (g).
Na estrada, no entanto, os números ficaram em 10,8 km/l (e) e 15,6 km/l (g). Vale destacar que no trecho rodoviário que encaramos durante o teste, o Kwid revelou pouca desenvoltura. Rodando a 120 km/h, o ponteiro crava elevados 4.000 rpm. É possível sentir os três cilindros trabalhando freneticamente e o ruído do vento acaba sendo um intruso desconfortável. O revestimento acústico poderia ser melhor trabalhado.
O que diferencia a versão Intense das demais são a câmera de ré e a central multimídia Media Nav 2.0 (tela de 7 polegadas sensível ao toque) – a mesma que equipa os outros modelos da Renault. Trata-se de uma tecnologia de fácil manuseio, mas ultrapassada
O ajuste da suspensão é firme, o que agrada por ser um veículo curto e com centro de gravidade ligeiramente elevado – tem 1,47 metro de altura e 18 centímetros de vão livre em relação ao solo. Esta configuração evita uma inclinação exagerada nas frenagens bruscas e curvas acentuadas. Em alguns buracos, no entanto, a batida é mais seca e chega a incomodar. Ponto positivo parra os amortecedores, que dificilmente dão final de curso ao varar, por exemplo, uma lombada mal sinalizada. As rodas são de aço (14 polegadas) e calçam pneus 165/70 R14.
O Renault Kwid tem ergonomia agradável e não chega a cansar no trânsito. Isso, porém, para pessoas com estatura mediana. O compacto, infelizmente, é desprovido de qualquer regulagem da coluna de direção (altura e profundidade) ou ajuste do banco do motorista (altura). Os assentos dianteiros têm o apoio de cabeça ‘fundido’ com o encosto, lembrando o banco do Volkswagen Up!. O volante é pequeno – remete ao do elogiado Peugeot 208 – e tem empunhadura ‘ok’. Poderia ser multifuncional – ou ter, pelo menos, aquele comando satélite tradicional de modelos como Logan, Sandero, Duster...
E dentro de suas medidas acanhadas (confira na ficha técnica), o Kwid oferece bom espaço interno, mas com algumas ressalvas. A primeira delas é que, apesar de ter sido homologado para levar até três pessoas no banco traseiro (tem os três encostos de cabeça), o Renault consegue transportar com conforto apenas dois. A segunda é que com 1,70 metro de altura, não tive problemas com a cabeça ou joelhos, mas uma amiga com 1,82 metro não ficou muito à vontade...
Entre todas as medidas, a mais competitiva em relação à concorrência é a do porta-malas. Com 290 litros, o Kwid tem bagageiro com capacidade superior ao do Mobi (215 litros) e até mesmo do Uno (280 litros). O único ‘porém’ é que o bocal é mais estreito, impedindo a entrada de malas muito grandes.
O ar-condicionado é analógico e os vidros elétricos, apenas nas portas dianteiras. As travas são elétricas, mas com funcionamento não muito prático. Ao desligar o veículo e tirar a chave do contato, as portas não destravam automaticamente. Nem mesmo quando puxamos a maçaneta, elas destravam. É preciso pressionar o botão no painel central – onde estão os comandos dos vidros elétricos, diga-se de passagem – para sair.
E o que diferencia a versão Intense das demais são a câmera de ré e a central multimídia Media Nav 2.0 (tela de 7 polegadas sensível ao toque) – a mesma que equipa os outros modelos da Renault. Trata-se de uma tecnologia de fácil manuseio, mas ultrapassada. Tem navegação por GPS, mas em época de Waze e Google Maps, o recurso acaba defasado.
O acabamento é ‘ok’. Tem bastante plástico rígido por todas as partes e alguns detalhes em cromado e black piano.
O Renault Kwid é sedutor no preço, não posso negar. Mesmo ‘peladona’, a configuração de entrada Life (R$ 29.990) é interessante, se nos colocarmos no lugar daqueles que desejam um carro pois estão cansados do péssimo transporte público oferecido nos grandes centros, não têm muito dinheiro para investir e não querem se endividar com prestações elevadas a perder de vista.
Com relação à manutenção, as seis primeiras revisões periódicas – que acontecem a cada 12 meses ou 10.000 km, o que acontecer primeiro – custam R$ 2.449 na versão Intense. O seguro médio, de acordo com cotação do Autocompara, ficou em R$ 3.000 (um pouco elevado).
Honesto, simples e racional. O Renault Kwid entrega praticamente tudo o que um compacto – porém não SUV – precisa: preço inicial atraente, economia de combustível, lista de equipamentos com o ‘básico ideal’ e performance urbana. No entanto, acredito que a versão ideal é a intermediaria Zen (R$ 35.390). Eu não gastaria mais R$ 4.600 para ter uma central multimídia defasada e câmera de ré em um carro de 3,68 metros de comprimento – um sensor traseiro já estaria de bom tamanho, além de muito mais em conta.
RENAULT - KWID - 2018 |
1.0 12V SCE FLEX INTENSE MANUAL |
R$ 40740 |
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