A beleza nunca foi o forte do Etios e agora, com a versão Platinum, continua não sendo. Ele melhorou, é verdade, mas o valor da configuração é muito alta para uma entrega de equipamentos insipiente. O powertrain continua sendo o destaque do carro.
O brasileiro não tem receio de apelar para a cirurgia plástica quando alguma coisinha no corpo não lhe satisfaz. Somos o segundo país do mundo que mais realiza este tipo de operação, ficando atrás somente dos Estados Unidos, segundo o órgão internacional do segmento. E quem entrou para esta estatística recentemente foi o Toyota Etios, por meio da versão Platinum.
Tanto a variante hatch, quanto a sedã estavam insatisfeitas com a estética e aderiram à causa. Neste texto, falaremos especificamente do três-volumes, que realmente é quem precisa ficar mais atento às suas curvas.
O procedimento cirúrgico ficou a cargo da equipe de engenharia brasileira da Toyota, que não poupou bisturis para modificar para-choque e grade frontais. Foram retirados os acabamentos cromados, que deram lugar a uma moldura em plástico preto, que chegam a simular entradas de ar maiores.
As lanternas são de máscara negra, o para-choque traseiro recebeu apenas um tapinha visual, enquanto a tampa do porta-malas ganhou um aerofólio básico. Se estes implementos podem gerar opiniões diversas, as novas rodas de liga leve de aro 15" com acabamento preto e diamantado foram dignas de elogios até das amigas mais invejosas.
A operação foi bem sucedida. O carro que aparenta ter design dos anos 2000 foi rejuvenescido. Mas sabe aquele comentário maldoso do tipo: “fulano para ficar bonito tem que nascer de novo”? Então, esse é o caso do Toyota Etios. Não é por que ficou melhor, que passou a prover beleza.
O compacto já nasceu com estética envelhecida e uma melhora de cair o queixo só seria possível com a chegada de uma nova geração, o que ainda não está muito perto de acontecer.
O que é uma pena. O modelo produzido em Sorocaba (SP) aprimorou muitas demandas de powertrain na linha 2017 e uma mudança estética radical o tornaria muito mais atraente ao gosto do consumidor brasileiro que, dá bastante valor à beleza interna, mas que prioriza um carro que faça bem aos olhos.
Bom, quando mencionamos beleza interna, estamos falando de um motor 1.5 que foi recauchutado para ser mais potente e econômico. A taxa de compressão saiu de 12,1:1 para 13:1, enquanto a correia dentada foi substituída por corrente. Outras implementações foram a de tuchos hidráulicos com rolamentos e comando de válvulas com fase variável para admissão e escape, o que rendeu 11 cv e 1,5 kgf.m de torque a mais com etanol.
Desta forma, o propulsor Dual VVT-i Flex passou a render 102/107 cv a 5.600 rpm e 14,3/14,7 kgf.m de torque a 4.000 rotações com gasolina e etanol, respectivamente. Na prática, temos um motor que não deixa o motorista na mão, por ter desempenho linear e não perder fôlego em retomadas ou subidas.
Isso também é resultado de uma operação muito bem ajustada com o câmbio automático de quatro velocidades da Aisin, que é o mesmo utilizado pela geração anterior do irmão maior e mais velho Corolla. Entendemos se você fez nariz torto logo que leu “quatro velocidades”, até porque este tipo de transmissão geralmente é ineficiente. Mas não é que esta caixa específica gerencia bem o trabalho do motor?
O único incômodo acaba sendo o nível de ruído provocado pelo escalonamento feito em rotações um pouco mais altas do que o convencional (acima dos 3.000 giros), por conta das relações esticadas sem a quinta marcha.
Mas isso não provoca descompasso do motor, tampouco consumo de combustível exacerbado. Pelo contrário, o conjunto recebeu nota ‘A’ no Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro. Na cidade, o sedã pode fazer 12,2 e 8,4 km/l, enquanto na estrada os números são de 14,9 e 10,4 km/l, na ordem gasolina e etanol.
Mas a economia para por aí. De tão cara, a versão topo de linha chega a brigar contra Honda City e Chevrolet Cobalt – aliás, está aqui um bom exemplo de quem investiu pesado na estética e ficou mais agradável. O Etios Platinum custa, pasme, R$ 68.330.
Isso significa que ele é mais caro do que o City com câmbio CVT, que sai por R$ 66.400 e tem porte maior – a diferença de comprimento é de 4,45 m a 4,26 m e, de 2,60 a 2,55 m, em relação ao entre-eixos.
O preço do Etios é maior até do que a versão de entrada do sedã médio Mitsubishi Lancer, que sai por R$ 65.190, com caixa manual.
Mas o problema é que o valor que beira aos R$ 70.000 não é justificado pelo que é entregue em equipamentos. Os mais “sotisticados” são controle de cruzeiro e TV digital. O restante é básico: direção elétrica, ar-condicionado, retrovisores, travas e vidros elétricos e computador de bordo (melhor, mas ainda no centro do console) com função que permite ao motorista colocar o valor de combustível abastecido para monitorar os gastos.
Outro item de série é a central multimídia sensível ao toque que, além da já citada TV, tem GPS, câmera de ré e conectividade USB e bluetooth. Mas ela fica devendo o espelhamento do celular, que está presente até na versão mais barata XLS. O equipamento também não denota muita qualidade. Além de pouco intuitivo, chegou a travar durante a avaliação.
A única parte positiva em termos de valores é o seguro. É possível encontrar apólice de R$ 1.589,73 na ferramenta de seguros AutoCompara, levando em consideração o perfil de homem casado, de 45 anos, que mora em apartamento na Zona Sul de São Paulo e tem garagem na residência e no trabalho.
Mas não tem jeito, o forte mesmo do Toyota está em sua parte estrutural. Além de um trem de força de confiança, o modelo que tem três anos de garantia, possui ainda o melhor nível de reparabilidade e reposição de peças da categoria, de acordo com o índice Car Group do Cesvi (Centro de Experimentação e Segurança Viária).
1ª revisão
R$ 216,27
2ª revisão
R$ 465,30
3ª revisão
R$ 399,60
4ª revisão
R$ 633,00
5ª revisão
R$ 353,20
6ª revisão
R$ 564,00
Já o nível de segurança do habitáculo não é o melhor, mas também não faz feio. O veículo ganhou quatro de cinco estrelas possíveis nos testes de colisão do instituto Latin Ncap.
Mas a conclusão para quem está de olho num Etios Platinum Sedan é que é melhor absorver as qualidades estruturais e de powertrain do modelo e aplicar a grana nas versões intermediárias ou de entrada. As mudanças visuais da versão não transformam o sapo em príncipe e a quantidade de equipamentos também não brilha aos olhos. Se você tem cerca de R$ 65.000 para investir em um sedã, é melhor dar uma olhada mesmo em Honda City e Chevrolet Cobalt.
TOYOTA - ETIOS - 2019 |
1.5 PLATINUM 16V FLEX 4P AUTOMÁTICO |
R$ 67690 |
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