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BYD Dolphin Mini: uma nova fórmula para o sucesso?

O subcompacto traz o pacote dos carros maiores da marca para o segmento de entrada. Será que essa mistura deu certo?


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Basta olhar para os lados. Nem faz tanto tempo assim que os carros elétricos eram bichos exóticos, mesmo nas grandes cidades. Mas hoje estão cada vez mais presentes no trânsito. E o mais novo desses automóveis a bateria no mercado brasileiro é o hatch subcompacto BYD Dolphin Mini, nome local do modelo que é chamado de Seagull na China - e cujo preço oficial, R$ 115.800, foi anunciado hoje (28/2).

Aliás, a BYD tem motivos de sobra para estar satisfeitíssima com o Brasil. Em pouco mais de um ano, a chinesa avançou de uma participação ínfima nas vendas para entrar no top 10 de emplacamentos, superando várias marcas tradicionais e com história mais longa no mercado brasileiro.

A fórmula do sucesso da BYD por aqui foi oferecer produtos sofisticados, mas com preços bem agressivos. Seguindo essa filosofia, o Dolphin Mini chega por aqui com a promessa de agitar o mercado dos elétricos de entrada e até roubar vendas dos compactos a combustão. Será que o modelo tem potencial para tal? Confira nas próximas linhas.

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Teste: BYD Dolphin Mini

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Por fora, o pequenino Dolphin Mini tem visual com linhas esportivas e referências aos irmãos maiores
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Pequeno e... ousado!

O BYD Dolphin Mini chega ao mercado brasileiro como o modelo mais barato da marca chinesa por aqui. Na mira, estão outros subcompactos como o Renault Kwid E-Tech, o Caoa Chery iCar e o JAC E-JS1.

Apesar desse posicionamento quase "popular", o Dolphin Mini não tem cara de carro barato. A dianteira exibe linhas inspiradas nos Lamborghini, enquanto na traseira as lanternas horizontais unidas por uma faixa plástica lembram os carros mais caros da marca.

Os apliques plásticos nas portas e na coluna "C", além de detalhes como o aerofólio na traseira e as rodas de liga leve de 16 polegadas, fazem o Dolphin Mini parecer mais esportivo do que sugere o perfil bem alto da carroceria, que é um meio termo entre os hatches e as minivans.

Parece até uma salada de referências. Mas o resultado final é um carro fotogênico, que fica ainda mais bonito ao vivo. São linhas exóticas, é claro. Mas feitas sob medida para agradar  àqueles que não concordam que um subcompacto precisa, necessariamente, ter um desenho fofinho (e eu estou errado?).

Falando em dimensões, são 3,80 m de comprimento, 1,58 m de altura, 1,50 m de largura (medida sem os retrovisores) e entre-eixos de 2,50 m. Essas medidas posicionam o Dolphin Mini abaixo dos compactos tradicionais e pouco acima do concorrente Kwid E-Tech.

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O interior com linhas e cores exóticas também segue a linha dos BYD mais caros
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Um BYD de bolso

Ao abrir a porta do BYD Dolphin Mini pela primeira vez, duas coisas chamam a atenção na cabine: a primeira é o fato de o subcompacto ser praticamente uma réplica dos modelos maiores da marca. É claro, com simplificações.

As linhas sinuosas e de "inspiração marinha" seguem presentes no painel e laterais das portas. Mas o quadro de instrumentos digital de sete polegadas tem uma tela de baixa resolução, ainda que exiba informações como o consumo de energia e a pressão dos pneus.

A central multimídia, por sua vez, tem vários recursos e repete a interface dos BYD mais caros. Mas tem uma pequena (para o padrão da marca) tela de 10,1 polegadas. Giratória, é claro.

O acabamento também é mais simples do que em modelos como o Dolphin e o Seal, com uma aplicação mais extensa de plásticos rígidos. Mas fica um nível acima dos concorrentes. Há boa variação de cores e texturas, e presença de materiais macios ao toque em várias superfícies, incluindo (olhe só!) nos painéis da porta traseira. Uma raridade nos carros subcompactos e compactos vendidos no Brasil.

Outro ponto que chama a atenção é o espaço interno. Apesar da cabine ser estreita - por conta disso, o Dolphin Mini é homologado no Brasil para apenas quatro ocupantes - a área para as pernas bota o subcompacto da BYD no patamar dos hatches compactos.

No meu teste, a cadeirinha do João, meu filho, coube tranquilamente no banco traseiro. E ainda sobrou espaço para mais um passageiro no assento dianteiro. Algo que não acontece em outros subcompactos e até mesmo em alguns compactos.

Por outro lado, priorizar o espaço para os passageiros sacrificou um pouco o espaço no porta-malas: são 230 litros de capacidade. Não é minúsculo. Mas dá conta do recado no uso cotidiano - leva tranquilamente três malas compactas. E as compras semanais de uma família de dois adultos e um bebê.

Equipamentos

O BYD Dolphin Mini estreia no Brasil com um pacote único de equipamentos. A lista de itens de conforto tem ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos, bancos de couro com ajustes elétricos para o motorista, coluna de direção ajustável em altura e profundidade, painel digital, central multimídia com tela de 10,1 polegadas, chave presencial e carregador de celular por indução.

Já o pacote tecnológico e de segurança tem faróis e lanternas de LED com acendimento automático, controlador automático de velocidade, seletor de modos de condução com três opções de ajuste (Eco, Normal e Sport), câmera de ré e sensor de estacionamento traseiro. Airbags laterais e de cortina, além dos obrigatórios controles de tração e estabilidade, completam a lista.

Mecânica e autonomia

O Dolphin Mini tem motor dianteiro com 75 cv de potência e 13,8 kgf.m de torque. Esse propulsor permite ao subcompacto acelerar de zero a 100 km/h em 14,9 segundos e atingir a velocidade máxima de 130 km/h.

Com freios a disco ventilados na dianteira e sólidos na traseira, o BYD tem suspensão dianteira do tipo McPherson e traseira por eixo de torção. Ou seja o conjunto padrão dos subcompactos e compactos.

Já a bateria tem 38 kWh de capacidade e garante uma autonomia de 280 quilômetros no padrão PBEV. É um alcance considerável quando comparado a outros elétricos de entrada, todos com autonomia inferior a 200 quilômetros com uma carga.

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O painel digital e a tela multimídia (giratória, é claro) são os destaques na cabine do Dolphin Mini
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Ao volante

Os números de desempenho já deixam claro que o BYD Dolphin Mini é um carro mais adequado para o uso urbano do que para as estradas. Confesso que eu apostava que seria um carrinho chato de guiar. Mas estava redondamente enganado.

A posição de dirigir é elevada, mas o banco com ajustes elétricos tem boa amplitude nas regulagens. E a coluna de direção tem um sistema bem preciso de ajuste, daqueles que não solta o volante nas pernas do motorista. Em resumo, é um carro fácil de se achar a posição ideal de guiar, mesmo com bizarrices como o estranho comando do câmbio, por uma espécie de interruptor no painel.

Esqueça as acelerações empolgantes e extremas dos elétricos mais potentes. O Dolphin Mini é um carro pouco potente e pesado para um subcompacto (1.239 quilos). Mas, guardadas às devidas proporções, dá até para chamar o Dolphin Mini de esperto.

O painel digital é menos vistoso que os dos BYD mais caros, mas é bem completo em informações
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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A direção, leve em manobras, e as dimensões diminutas garantem que o carrinho pareça mais ágil do que realmente é e consiga enfrentar tranquilamente ruas estreitas e tráfego lento. Mesmo em estrada, o carrinho da BYD também não faz feio. É bem estável e acompanha bem o trânsito. Em resumo: o Dolphin Mini tem um comportamento muito próximo ao de um bom compacto com motor 1.0 de três cilindros.

O seletor de modos de condução tem três opções de acerto, mas eu não senti grandes variações no comportamento dinâmico do carro. Por via das dúvidas, rodei 100% do tempo com a opção Sport selecionada. Afinal, o importante é nunca deixar de acreditar.

O acerto de sensibilidade do sistema de regeneração de energia também não muda muita coisa, já que a atuação é tímida mesmo no ajuste mais extremo. Por outro lado, os freios hidráulicos são muito eficientes.

O acerto de suspensão foi o ponto que menos me agradou no Dolphin Mini. Mais macia na traseira que na dianteira, ela trabalha silenciosamente e absorve bem as irregularidades leves no asfalto. Mas a coisa muda em pistas menos conservadas. O curso curto faz com que o carrinho salte nos pisos de pior qualidade. Tudo isso acompanhado pelo ruído característico de batida seca na suspensão.

Este é o exótico comando do câmbio no Dolphin Mini: um botão no painel
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Oi, BYD

Assim como os BYD mais caros, o Dolphin Mini não é um carro tão intuitivo de usar nos primeiros minutos de contato. Então, foi uma grata surpresa saber que o assistente de voz do carrinho funciona muito bem e permite que você acesse várias funcionalidades sem precisar repetir várias vezes um mesmo comando.

É possível, por exemplo, alterar o volume do sistema de som, a temperatura do ar-condicionado, a velocidade do ventilador e até o direcionamento do fluxo de ar. Tudo isso usando frases genéricas, do tipo "estou com frio" ou "estou ficando surdo". Bom seria se o Echo Dot que eu tenho em casa funcionasse com a mesma eficiência para apagar ou acender as luzes...

E com uma conexão de internet, é possível transformar a assistente de voz da BYD em uma assistente virtual. É um recurso incomum nos subcompactos (mesmo nos elétricos), e raro até mesmo nos compactos a combustão mais caros.

Com preço competitivo, o BYD Dolphin Mini chega como um concorrente até para os compactos a combustão
Crédito: Ricardo Rollo/WM1
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Conclusão

Seja pelo tamanho reduzido ou pela baixa autonomia, os carros elétricos de entrada normalmente são uma opção apenas para aqueles que não querem gastar tanto para dar o primeiro passo no mundo dos automóveis a bateria. Seriam, no máximo, um bom segundo carro para a família.

Oferecendo bom espaço interno para um subcompacto, bom nível de equipamentos e  autonomia próxima às dos elétricos de maior porte, o BYD Dolphin Mini chega ao mercado derrubando essas barreiras para ser até mesmo o único automóvel da casa.

Com preço de R$ 115.800 no lançamento, o carrinho da BYD passa a ser uma alternativa não só aos concorrentes, mas também aos hatches compactos a combustão. Principalmente se você é daqueles que precisa de um carro de uso diário e roda a maior parte do tempo sozinho, mas não abre mão da tecnologia e da comodidade dos automóveis maiores - e mais caros.

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