Existe aqueles que afirmam que utilitário esportivo compacto ‘bão’ tem que ser automático. Este negócio de câmbio manual, neste segmento, não existe. Pode até ser. Fato é, porém, que eles continuam sendo ofertados e, de acordo com a Nissan, só não são mais vendidos por um motivo simples: falta de oferta! Por isso, a marca japonesa aposta algumas de suas fichas na nova versão S 1.6 manual do Kicks, que chega às concessionárias por competitivos R$ 70.500.
Ford EcoSport SE 1.6 manual
R$ 72.800
Honda HR-V LX 1.8 manual
R$ 79.900
Hyundai Creta Gamma 1.6 manual
R$ 73.900
Jeep Renegade 1.8 manual
R$ 72.990
Renault Captur Zen 1.6 manual
R$ 78.900
Em um primeiro contato com o modelo, o Kicks manual mostrou-se bem acertado. A sintonia entre o motor 1.6 16V Flex de até 114 cv (etanol/gasolina) e a transmissão de cinco velocidades foi bem sintonizada, mas não perfeita. Durante o teste na Rodovia Dutra, senti muito a falta de uma 6ª marcha como Overdrive, permitindo o propulsor trabalhar em rotações mais baixas quando em velocidades maiores, melhorando a economia de combustível. Rodando a 120 km/h, o ponteiro do conta-giros passa um pouco dos 3.000 rpm – aproximadamente 1.000 giros a mais que as versões equipadas com câmbio automático CVT.
Os números de consumo não chegam a ser ruins, ficando, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem do INMETRO, em 7,8 km/l (etanol) e 11,1 km/l (gasolina) na cidade, e 9,0 km/l (etanol) e 13,0 km/l (gasolina) na estrada. Apenas como forma de comparação, os números de consumo do Honda HR-V LX 1.8 manual são: 6,7 km/l (etanol) e 9,9 km/l (gasolina) no perímetro urbano, e 8,6 km/l (etanol) e 12,6 km/l (gasolina) no rodoviário.
O ponto positivo de ter apenas cinco marchas é que o motor 1.6 estar, na maioria das vezes, muito próximo da faixa ideal de torque, que é de 4.000 rotações. Assim, o Kicks entrega retomas vigorosas e seguras em situações de ultrapassagem, por exemplo. Outro ponto positivo desta caixa são os engates justos e precisos, estimulando até uma tocada mais esportiva com o SUV de 4,29 metros de comprimento e 1.109 quilos. O curso do pedal da embreagem é na medida e firme no ponto – a perna esquerda dos paulistanos, que encaram congestionamentos de segunda a segunda, agradece!
A direção é elétrica – item de série. É bem suave nas manobras e ganha em rigidez quando a velocidade aumenta. Me agrada a empunhadura do volante multifuncional, com ajustes do sistema de som, que traz entradas auxiliar para MP3 Player e USB, e Bluettoth.
Outro ponto que a Nissan quer investir forte, seguindo o caminho de suas compatriotas Honda e Toyota, é no serviço de pós-venda, em busca, claro, de uma fidelização maior. Com relação a este ponto, a marca oferece para o Kicks preço de R$ 2.994 das seis primeiras revisões
A posição ao volante é confortável, graças aos ajustes de altura do banco do motorista, e de altura e profundidade da coluna de direção. Aliás, o revestimento dos bancos é em tecido. O acabamento interno é simples, abusando dos plásticos, mas tudo muito bem encaixado e sem folgas, além das peças não apresentarem rebarbas.
Um ponto que a Nissan poderia rever é a não inclusão dos controles de tração e estabilidade, e do auxiliar de partida em rampa como equipamentos de série nesta versão de entrada. Estes itens podem ser adquiridos como opcionais por R$ 1.200, o que elevaria o preço para R$ 71.700 – que tal presentear o cliente deste modelo com estas tecnologias que agregam segurança por R$ 71.000? Apenas uma sugestão...
A suspensão é firme – independente na dianteira com barra estabilizadora e eixo de torção na traseira. Nas lombadas que encaramos na saída da fábrica da Nissan em Resende foi possível comprovar este comportamento mais rígido. Na estrada, no entanto, mesmo em curvas um pouco mais acentuadas, a carroceria inclinava muito pouco, transmitindo comodidade, segurança e confiança para o motorista.
Além dos equipamentos que já mencionei – direção elétrica, rádio com entradas auxiliar para MP3 Player e USB, e Bluettoth, regulagens de altura e profundidade da coluna de direção -, o Nissan Kicks S 1.6 manual traz de série ar-condicionado, travas e vidros (nas quatro portas) elétricos, cinto de segurança de três pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, alarme, ISOFIX para fixação da cadeirinha de criança, airbag duplo frontal e freios com ABS (antitravamento) e sistema de distribuição eletrônica da força de frenagem. Aliás, os freios na dianteira são a disco e na traseira, a tambor (mais um ponto para o Kicks melhorar). As rodas de 16 polegadas são de aço e poderiam utilizar calotas mais bonitas.
Outro ponto que a Nissan quer investir forte, seguindo o caminho de suas compatriotas Honda e Toyota, é no serviço de pós-venda, em busca, claro, de uma fidelização maior. Com relação a este ponto, a marca oferece para o Kicks preço de R$ 2.994 das seis primeiras revisões, que acontecem a cada 10.000 km ou 12 meses (aquele que acontecer primeiro). Já o valor do seguro médio, cotado pelo Autocompara, ficou em R$ 5.050 (franquia de R$ 4.950).
A primeira impressão foi positiva! O Nissan Kicks S 1.6 manual tem preço competitivo, recheio ‘ok’, um dos melhores espaços do segmento ao lado do Honda HR-V e performance (desempenho versus eficiência) boa. Acredito que uma transmissão de seis marchas no lugar desta caixa de cinco, e a inclusão de controles de tração e estabilidade como itens de série poderiam deixar esta opção de entrada mais atraente.
Vai vender? Acredito que sim, e por dois motivos: tem o preço mais atraente entre seus principais concorrentes manuais, o que para qualquer versão de entrada é fundamental; e tem um ‘gap’ considerado de quase R$ 9.000 para a versão S 1.6 CVT (R$ 79.200) – nem todo mundo que tem R$ 70.000 para comprar um carro tem R$ 80.000.