Citroën C3 1.2 Tendance PureTech

Um pouco de razão ao premium Citroën C3

Na gasolina, motor 1.2 de três cilindros fez 12,6 km/l na cidade


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Desde que chegou ao Brasil em 2003, o Citroën C3 nunca investiu pesado na racionalidade. Sempre utilizou como argumento de compra fatores emocionais. ‘Mimos’ que agradavam mais o olhar daqueles que queriam ver e ser vistos que propriamente seduziam os bolsos. O tempo passou. O mundo mudou. O mercado ficou mais competitivo. E o modelo de sotaque francês fabricado em Porto Real (RJ) teve que se adaptar. Agora, tenta arrebatar também aqueles que têm todas as contas na ponta do lápis e que fecham negócio aconselhados pela razão. Prova disso é a inédita versão PureTech, que entre pontuais novidades, chega com econômico motor 1.2 12V bicombustível de três cilindros.

O preço inicial continua pouco atraente: R$ 46.490 na configuração Origine PureTech. A configuração completinha por mim avaliada Tendance PureTech parte de R$ 52.690. Completinha, inclusive na cor Blanc Nacre (R$ 1.790) e com o pacote de opcionais que agrega central multimídia e ar-condicionado digital (R$ 1.850), o valor salta para R$ 56.330.

Ainda em termos de custos, as seis primeiras revisões (até 60.000 km) ficam em R$ 3.435. Já a apólice média do seguro fica em R$ 2.685 e da franquia em R$ 3.400, de acordo com cotação do AutoCompara.

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Boa!

Há algum tempo não acelerava o C3. Ao entrar, a impressão é que por dentro muito pouco mudou. O painel de instrumentos tem o mesmo grafismo, o câmbio a mesma manopla, o volante a mesma empunhadura – e com o comando satélite na coluna de direção como sempre –, e até a espuma e formato dos bancos são exatamente o de outrora. Apenas a central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque quebra a mesmice do passado. O ‘arredondado’ não surpreende.

‘Bato’ na chave e a trepidação típica dos motores de três cilindros dá as boas-vindas. Arranco pisando mais fundo no acelerador e o ronco invade a cabine. Me impressiona de imediato a agilidade. Os bons 12,2 kgf.m (gasolina)/12,9 kgf.m (etanol) de torque do 1.2 aparecem abaixo dos 3.000 giros – mais especificamente a 2.750. Incrível a intensidade das acelerações e retomadas. Destaque para o bom escalonamento das marchas mais baixas do câmbio manual de 5 velocidades (diferencial 9% reduzido em relação ao modelo europeu), que potencializa esta sagacidade do C3, especialmente no perímetro.

 Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
Legenda: Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
Crédito: Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
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Na estrada, o Citroën também vai bem. Com 84 cv (g)/90 cv (e) a 5.750, o hatch trabalha a 110 km/h em rotações medianas. Talvez a adoção de uma transmissão de 6 marchas, com um overdrive bem definido, seu caminhar seria mais suave, silencioso e, consequentemente, confortável. Além de muito mais eficiente. O destaque negativo desta caixa é um barulho quando ‘espetamos’ segunda e puxamos uma segundinha. Os engates são bons, mas poderiam ser mais precisos e curtos.

Falando em eficiência, com derivado de petróleo no tanque de 55 litros, o consumo médio na rodovia cravou bons 15,8 km/l, com picos de 16,1 km/l. Na cidade, também com gasolina, atingi interessante 12,6 km/l. A fabricante informa que no perímetro urbano o consumo é de 14,8 km/l e na estrada 16,6 km/l, sempre com combustível fóssil. Já com álcool, os dados divulgados pela Citroën são 10,6 km/l e 11,3 km/l na cidade e na rodovia, respectivamente.

Este motor, que traz uma série de novidades em sua construção em relação ao aposentado 1.4 8V de quatro cilindros flex, como duplo comando de válvulas (válvulas de admissão reforçadas), partida a frio (dispensa o tanquinho de gasolina), coletor do escape integrado ao cabeçote, software recalibrado, bomba de óleo variável, é definitivamente o ponto alto deste C3 para quem acha que dinheiro não nasce em árvore. Seus números de consumo são realmente sedutores. Na minha avaliação, beiraram o impressionante.

Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
Crédito: Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
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Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
Crédito: Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
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A suspensão é firme. Chega a ser dura em alguns momentos, com batidas secas, dependendo do buraco. No entanto, tal característica evita inclinações exageradas da carroceria em curvas mais acentuadas e frenagens bruscas. O pedal do freio poderia ser menos profundo, assim como o curso do pedal da embreagem mais curto. Melhorias que no dia a dia, especialmente nos congestionamentos, deixam o Citroën menos cansativo ao volante. Com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), o C3 utiliza disco sólido na dianteira e tambor na traseira.

Ok!

Como disse, o C3 é um carro para aqueles que querem ver e serem vistos. Seu visual tem personalidade, especialmente a traseira e suas lanternas que invadem a tampa do porta-malas. O jeitão arredondado do teto também é uma de suas marcas. E no caso desta versão Tendance, o tal do para-brisas maior – chamado de Zenith – é de série. Confesso que é o tipo de equipamento que não me seduz. Acho supérfluo – mas acredito que, para ser ofertado, as pesquisas indiquem o contrário. É o tipo de ‘mimo’, para mim, nada decisivo na hora de optar pelo Citroën ou qualquer outro.

Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
Crédito: Citroën C3 1.2 Tendance PureTech
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O acabamento também deixou um pouco a desejar. Por mais de R$ 55 mil, o painel das portas poderia ter um material superior ao plástico. Os encaixes das peças, no entanto, estão bem feitos. O quebra-sol não tem espelhinho, nem mesmo para o passageiro – alvo de críticas por parte da minha esposa...

Tradicionalmente, a posição ao volante é elevada. A coluna de direção tem ajustes de altura e profundidade. Os comandos dos vidros e dos espelhos retrovisores externos estão bem posicionados no encosto de braço da porta. A boa ergonomia fica completa pela tela de 7 polegadas sensível ao toque da central multimídia, que tem funções de navegação por GPS, telefone e sistema de som. A central também é compatível com Apple CarPlay e MirrorLynk. Neste ponto, o C3 está à frente de alguns de seus concorrentes diretos.

Entre os demais itens de série, destaque para a direção elétrica com assistência variável, faróis de neblina, rodas de liga leve de 15 polegadas (pneus 195/60 R15), sensor de estacionamento traseiro e computador de bordo.

Poderia ser melhor...

O C3 não é um carro espaçoso. Não pelo porta-malas pequeno (300 litros), uma característica comum entre os hatches. O problema principal é para os passageiros do banco traseiro. O espaço é apertado para os ombros de três ocupantes de estatura média. Grandalhões nem pensar. E com apenas 2,46 metros de entre-eixos, o próprio espaço para pernas e joelhos é apertado. Um ponto que poderia ter melhorado com o tempo é o acesso ao banco de trás. Colocar uma cadeirinha de criança é um exercício de contorcionismo pesado.

Revisões

10.000 km ou 12 meses

R$ 365,00

20.000 km ou 24 meses

R$ 365,00

30.000 km ou 36 meses

R$ 365,00

40.000 km ou 48 meses

R$ 728,00

50.000 km ou 60 meses

R$ 728,00

60.000 km ou 72 meses

R$ 884,00

Conclusão

O Citroën C3 tocou a racionalidade ao incorporar o novo motor 1.2 12V flex de três cilindros, que entrega excelente consumo de combustível e bom desempenho, especialmente no perímetro urbano. No entanto, o preço inicial elevado, o nível de equipamentos de série que não salta aos olhos – lembrando que ar-condicionado digital e central multimídia são opcionais, e custam R$ 1.850 – e o espaço interno acanhado acabam deixando o hatch fluminense com ascendência francesa, ainda pouco interessante para o consumidor que não está muito preocupado com a própria imagem, mas sem em fazer o melhor negócio para seu bolso.

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