Renovada, Peugeot Escapade não escapa de defeitos antigos

Quando se tornou 207 em vez de 206, perua carregou consigo algumas falhas do modelo anterior, além de ter perdido equipamentos


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Gustavo Ruffo
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- Em setembro de 2006, a Peugeot entrou no segmento chamado de off-roads lights com a Peugeot 206 Escapade. Na reportagem que escrevemos na época, o carro custava R$ 49,85 mil em sua versão mais simples, com pintura sólida. A sucessora da 206 Escapade, a 207 Escapade, custa R$ 46,1 mil. A receita para a redução do preço pode ter sido a nacionalização de muitas peças, mas o empobrecimento do veículo, que agora não traz mais ABS nem freios a disco nas quatro rodas, também conta para isso.

Esse empobrecimento, aliás, é algo menos perceptível para quem fica mais atento apenas a equipamentos de conforto e conveniência. A 207 Escapade, por exemplo, traz vidros traseiros elétricos, algo que a primeira Escapade não oferecia. Também não oferecia sensores de luminosidade e de chuva, para acionar respectivamente os faróis e os limpadores de pára-brisa sozinha. De todo modo, no pacote isso custa relativamente pouco.

O ABS é um item mais importante, que sai por R$ 1.890 e inclui freios a disco nas rodas traseiras. Airbags na frente são opcionais, mas, ao configurar o carro na internet, não conseguimos saber quanto estes itens custariam porque eles não estão disponíveis.

A explicação para o preço do carro ainda ser mais baixo do que o do modelo de 2006, mesmo com ABS e pintura metálica, é a redução de IPI de que os carros gozam atualmente.

É fato que o consumidor mediano dá pouca importância a itens de segurança e não sente a falta deles. Isso ajuda a 207 Escapade a manter mais ou menos a mesma fama que a 206 Escapade tinha no mercado, a de um automóvel bastante completo. Neste ponto, não há como negar que quem procura um veículo com bom número de itens de série, como ar-condicionado digital, direção hidráulica, vidros, travas e retrovisores elétricos, tem na 207 Escapade uma opção a considerar.

Em todo caso, mesmo o consumidor menos preocupado com segurança sentirá a economia de alguns itens na 207 Escapade. O veículo não tem rádio, por exemplo, apenas a preparação para sua instalação. O toca-CD com MP3 é acessório, vendido pelas concessionárias, o que ajuda a rentabilizar a operação dos distribuidores autorizados.

Aparência

Em termos visuais, a 207 Escapade até poder parecer um veículo novo, mas basta uma olhada mais atenta para ver porque a mudança de nome do carro foi tão atacada. Em primeiro lugar, porque a 207 Escapade é basicamente um 206 com dianteira igual à do 207 verdadeiro, vendido na Europa, e lanternas traseiras de lentes transparentes, no estilo “Altezza”.

Com isso, a maior parte do que poderia ser corrigido do modelo antigo para o atual virou herança. A ergonomia, por exemplo, seria muito favorecida com a adoção de um volante com regulagem em distância, algo que não se faz apenas por uma questão de custos. O Citroën C3, que usa a mesma plataforma do 207 nacional, oferece esse dispositivo.

Outro problema ergonômico é o lugar reservado aos comandos dos vidros elétricos. Tudo bem eles ficarem no console central. Essa é a posição defendida por engenheiros como a mais adequada não só por precisar de menos fios e gerar economia, mas por ser um local mais protegido. O problema é ficarem quase junto ao quadril do motorista, perto da base do freio de mão. Acionar os vidros exige manobras de contorcionismo.

O porta-malas, de apenas 313 l, é menor do que o do Renault Sandero, que tem 320 l. Quando pensamos que o modelo da Renault também tem sua versão aventureira, a Stepway, a opção pela perua da Peugeot só faz sentido para quem tem uma queda especial pelo estilo da 207 Escapade ou por seu interior mais refinado.

O acabamento interno, parecido com o do 307, dá ao modelo um estilo mais imponente. É como se o motorista estivesse a bordo de um carro mais sofisticado. Se isso causa excelente impressão em um primeiro contato, pode ser frustrante no convívio com o carro. A família 206 era conhecida por ter muitos barulhos internos, algo que a Peugeot diz ter corrigido bastante na reestilização dos modelos. Se isso é verdade ou não, só o tempo poderá dizer.

Ao volante

Quando se dá a partida na 207 Escapade, também se nota uma herança positiva deixada pelo modelo anterior. O motor 1,6-litro 16V reage bem aos comandos do motorista, ainda que, em dias frios, exija um pouco mais de paciência para ser ligado se estiver usando álcool.

A suspensão alta, que garante 24 cm de vão livre, não se intimida diante de lombadas, valetas e saídas de garagem. A desenvoltura com que encara esses obstáculos é a principal razão pela qual alguém deveria se interessar por ela.

Apesar de mais alta que a 207 SW, a Escapade passa confiança no asfalto. Dá até para dizer que a sensação é de que a “perua de salto alto” consegue correr tanto quanto a que usa sapato baixo, com a mesma segurança. Isso, evidentemente, dentro dos limites de velocidade permitidos, de no máximo 120 km/h nas melhores estradas brasileiras. É possível que, em velocidades mais altas, a diferença salte mais ao olhos.

Uma coisa que incomodava nos veículos da Peugeot e da Citroën e parece ter voltado à tona na 207 Escapade é o tempo de resposta longo dos comandos eletrônicos. Culpa do sistema multiplex, que passa o controle de farol, buzina e limpadores de pára-brisa, entre outros, para uma central eletrônica.

A vantagem é eliminar custos, fios e peso do carro. A desvantagem é a sensação de que o carro pensa antes de atender a um comando do motorista. Toques na buzina só são correspondidos por sons um tempo depois do gesto. Lampejos de farol alto do mesmo modo. Pode ser que a resposta venha em milissegundos, mas a demora é muito nítida. E incômoda.

Em termos de espaço, como já dissemos, a 207 Escapade perde para o Sandero Stepway não só em porta-malas, mas também no banco traseiro e no interior. Em compensação, o hatch da Renault, com nível de acabamento semelhante ao da perua que avaliamos, sai por R$ 51,44 mil. Mais caro que a Peugeot.

Esse valor inclui airbags frontais, volante em couro, toca-CD com MP3 e rodas de liga-leve de aro 16”. Isso parece explicar a diferença de preço a favor da 207 Escapade, mas, sem poder afirmar isso, a vantagem de preço fica mesmo para a perua da Peugeot.

Diante disso, resta ao consumidor pesar bastante bem se as qualidades que apontamos na perua são suficientes para que ele vá direto a uma concessionária da Peugeot ou se o melhor não seria olhar com mais cuidado os possíveis concorrentes de mais este off-road light no mercado.

FICHA TÉCNICA – Peugeot 207 Escapade

MOTORQuatro tempos, quatro cilindros em linha, transversal, quatro válvulas por cilindro, refrigeração a água, a gasolina, 1.587 cm³
POTÊNCIA113 cv álcool e 110 cv gasolina a 5.600 rpm
TORQUE152 Nm álcool e 139 Nm gasolina a 4.000 rpm
CÂMBIOManual de cinco velocidades
TRAÇÃODianteira
DIREÇÃO Por pinhão e cremalheira; hidráulica
RODAS Dianteiras e traseiras em aro 14”,de liga-leve
PNEUS Dianteiros e traseiros 175/70 R14, de uso misto
COMPRIMENTO 4,07 m
ALTURA 1,48 m
LARGURA 1,67 m
ENTREEIXOS 2,44 m
PORTA-MALAS313 l
PESO em ordem de marcha 1.148 kg
TANQUE50 l
SUSPENSÃO Dianteira independente, tipo pseudo McPherson; traseira com eixo de torção
FREIOS Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira; opcionalmente, discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS
CORES Vermelho Aden sólida, Cinza Aluminium, Cinza Manitoba, Cinza Fer, Cinza Grafito, Preto Perla Nera e Azul Neysha sob encomenda
PREÇO R$ 48,89 mil como avaliado

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_____________________________________Gosta dos “off-road lights”?

Então veja abaixo as melhores ofertas dos veículos deste segmento:

Peugeot 207 Escapade

Peugeot 206 Escapade

Renault Sandero Stepway

Fiat Palio Adventure

Fiat Doblò Adventure

Volkswagen CrossFox

Volkswagen Parati Crossover

Volkswagen Saveiro Crossover

Ford EcoSport

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