Range Rover Sport SVR é um lord truculento

Com motor de 550 cv, Land Rover bate os 100 km/h em 4,7 segundos


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Então "quer dizer que este brutamontes de 4,85 metros de comprimento, 1,78 metro de altura e que pesa 2.335 kg chega aos 100 km/h em apenas 4,7 segundos e que a velocidade máxima é de 260 km/h?” Esta foi a pergunta que me fiz mentalmente em um momento de introspecção e culto absoluto diante do Range Rover Sport SVR, o SUV mais rápido do mundo, ainda no estacionamento da Land Rover. Brindei, com um sorriso de canto de rosto, a esquizofrenia da SVO (Centro de Operações de Veículos Especiais da Jaguar Land Rover), responsável por saboroso desatino a combustão.

Em um azul Estoril metálico indiscreto, completamente avesso aos padrões de um lord inglês, o SVR é do tipo que faz questão de apavorar. Ganha em instantes o respeito de quem o leva a sério. E é capaz de machucar fisicamente quem o ignora ou faz pouco caso de sua rispidez. São 550 cv de puro ódio expelidos pelos 8 cilindros em ‘V’ do motor 5.0 Supercharger a gasolina (injeção direta). O torque é de 69,3 kgf.m. Trata-se do mesmo utilizado pelo superesportivo Jaguar F-Type em sua versão mais impressionante R AWD.

No banco esportivo tipo concha mais confortável que o sofá de casa, facilmente encontro a melhor posição ao volante graças aos ajustes elétricos tanto do assento quanto da coluna de direção. Com a chave no bolso, pressiono o botão start/stop e um bramido grave e rouco traz o Land Rover à vida. Com o seletor da transmissão ainda no ‘P’ (Park) dou uma, duas, três bombadas no acelerador e a besta respira ofegante em ‘pipocos’ expelidos pelas quatro saídas de escapamento. A cabine chacoalha. Monstro da engenharia.

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Ganho as ruas da Zona Sul de São Paulo e o congestionamento me impede de experimentar qualquer peripécia. No meio do anda e para da Avenida Ibirapuera e suas obras intermináveis, o SVR parece um gorila raivoso enjaulado, sendo observado com olhar de curiosidade pelas pessoas – no caso os demais motoristas. Diversão, pelo jeito, só mesmo na estrada...

Na rodovia Ayrton Senna sentido Guararema (local da gravação do vídeo abaixo), o SVR respira ar puro. A transmissão automática de 8 marchas, que na cidade se comportou como um gentleman passando marchas suavemente, sem incomodar, se transforma. Em busca de mais esportividade, dou um toque para trás na manopla do câmbio, localizado no elevado console central, e o temperamento do Range Rover Sport muda. As trocas passam a acontecer em rotações mais elevadas.

Caio para uma estradinha vicinal com mais curvas de raio longo e retas curtas. Chamo a condução para as borboletas atrás do volante. Em toda frenagem, cutuco de maneira ritmada a aleta com os dedos da mão esquerda. Sexta, quinta, quarta, terceira, segunda marcha. A cada reduzida, o motor urra e o escapamento ‘estoura’. Os freios (ventilados de 380 mm na dianteira e 285 mm na traseira – pinças Blue Brembo com seis pistões) atuam muito bem. Com assistente de frenagem em curva – além do ABS e do EBD – é possível deixar para estancar no pedal um pouco mais tarde. E em nenhum momento, após alguns quilômetros intensos, o sistema apresentou fadiga.

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Tecnologias como vetorização de torque, controles dinâmico de estabilidade e eletrônico de tração são anjos-da-guarda que amenizam abusos – atuam de maneira bastante intrusiva se necessário –, mas estão muito longe de serem santos milagreiros capazes de corrigirem irresponsabilidades. Não se brinca com 2,3 toneladas...

A suspensão também é responsável por dar este ‘chão’ ao SUV melhor que muitos esportivos. Independente nas quatro rodas, trabalha com amortecedores pneumáticos que permitem ajustar a altura do veículo – dar aquela ‘socada’ no chão para encarar uma rodovia, por exemplo, ou embarcar alguma bagagem pesada no porta-malas com capacidade para 784 litros – 1.761 litros com o banco traseiro rebatido. Também é possível elevar a altura, já que o sistema de tração off road Terrain Response também está no SVR – mas, na boa, com um canhão deste na garagem, o máximo de piso acidentado que encarei foram as ruas da Zona Norte de São Paulo mesmo.

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 TRUCULENTO, MAS REQUINTADO

Apesar de toda voracidade externa e personalidade forte, o interior prima pelo requinte. Ser a marca oficial da rainha da Inglaterra exige um acabamento real. Os bancos são revestidos em couro, assim como o volante e parte do painel. As peças em alumínio e em fibra de carbono se encaixam perfeitamente. Uma combinação infinitamente melhor que as utilizadas em outros modelos da marca que envolvem maneira.

O volante é grande e tem boa empunhadura, mas poderia ser ainda melhor, caso a circunferência fosse um pouco menor, entregando a esportividade que o conjunto mecânico merece. Ajudaria, inclusive, a posicionar melhor as aletas (paddle shift) para trocas de marchas. Multifuncional, tem comandos para todos os lados. Conta com mais botões que um joystic de PlayStation ou Xbox. Entre eles, um que aciona o aquecimento do volante – os bancos, dianteiros e traseiros, também contam com esta função. É possível ainda comandar, sem tirar as mãos do volante, o sistema de entretenimento, selecionar as funções do computador de bordo, configurar algumas funções do veículo e ‘setar’ o ACC (Adaptative Cruise Control).

O painel de instrumentos é todo em TFT (tela de 12,3 polegadas), tecnologia que será cada vez mais comum em veículos de luxo. Além de ser completamente configurável, tem excelente visualização. Aliás, o bruto tem head-up display (informações projetadas no para-brisas para que o motorista não tire os olhos da rodovia) – que utiliza laser e é em cores. A central multimídia tem tela de 8 polegadas. Oferece todas as funções, como navegação, controle do ar-condicionado de quatro zonas, conectividade (smartphone). Extra a função dual view, que faz com que o motorista visualize uma função e o passageiro da frente, outra. O sistema de som é Meridian, com 825 watts de potência – 19 alto-falantes e subwoofer.

PS: A qualidade de som é incrível. Mas desliguei minutos depois. Com uma banda de ‘8 canecos’ fazendo uma apresentação ao vivo sob o capô, até mesmo o ‘Running With The Devil’, do Van Halen, pode esperar...

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CONCLUSÃO

O Range Rover Sport SVR é impressionante. Entrega a quem está no comando algo que os SUVs são especialistas a negligenciar: prazer ao volante. E não entrega de qualquer maneira, mas instiga a buscar, mesmo com seus exageros dimensionais, uma direção esportiva. Surpreende pela aceleração absurda, pela capacidade de frenagem em equilíbrio, pela velocidade de contorno de curva, pela tecnologia, e, claro, por fazer tudo isso com a elegância e o requinte típicos, tradicionais, de um Land Rover. Um brinde!

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