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Novo Mercedes-AMG C63 S: um brinde à insanidade

Aceleramos o novo 'capeta' alemão em Portugal; confira vídeo exclusivo


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Após um café da manhã reforçado, com duas boas xícaras de café expresso para aflorar os sentidos mais sonolentos, deixo a recepção do hotel Conrad Algarve, na belíssima região de Faro, em Portugal, pronto para encarar uma daqueles trabalhos que me fazem perder o sono: testar o novo Mercedes-AMG C63, modelo que chega ao Brasil no início do segundo semestre, mas ainda sem preço definido.

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Do lado de fora, em posição ¾ e sob Sol forte, estacionado está o monstro a ser domado, que nesta geração ganhou uma versão ‘S’, com nervos ainda mais a flor da pele. Ali, parado, com uma pintura fosca de muito bom gosto, vincos marcantes por todos os lados e olhar intimidador formado por faróis ‘rasgados’ em LEDs e grade frontal ampla, inevitavelmente comparei a ‘criatura’ alemã com o Dragão de Komodo, maior lagarto do mundo com cerca de 3 metros e 140 kg, e que ataca de maneira mortal animais do seu porte e até seres humanos.

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Ao lado de alguns poucos jornalistas brasileiros, dou uma volta no carro. Os comentários elogiosos proferidos indiscriminadamente à distância transformam-se em silêncio sepulcral. Todos o analisam. Tocam a máquina. Parecem querer acalmar a fera – ou entender seu temperamento a partir de suposições.

Mas não foi ali, na frente do refinado hotel, que saí com o C63 S. Antes, percorri um curto trajeto até o estacionamento do aeroporto de Faro em uma van confortável, mas coadjuvante diante da grandiosidade de um ‘jovem’ AMG.

Com a chave nas mãos, ganho as estradas rumo ao Autódromo Internacional de Algarve. Overdose de adrenalina impulsionada por um ronco de impor respeito a qualquer mortal. De arrepiar quem é viciado em gasolina de alta octanagem.

EXISTE EQUILÍBRIO?


Seria possível equilíbrio para um monstro com ‘AMG’ tatuado pelo corpo? Óbvio que não! Óbvio? No caso do C 63 S, a insanidade é sensata. E esta contradição não tem segredo. Do lado temperamental do Mercedes estão motor 4.0 V8 biturbo de 510 cv de potência e 71,4 kgf.m de torque, transmissão automática de sete marchas e tração traseira. Na face comportada, os diversos pacotes eletrônicos – além dos tradicionais controles de estabilidade e tração, freios com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), o alemão traz tecnologia que permite ao motorista escolher entre quatro formas de condução (Comfort, Sport, Sport+ e Race), que atuam em diversos parâmetros do veículo, como direção, transmissão, suspensão, sensibilidade do acelerador e até abertura do escapamento. Ainda há uma individual, que permite o motorista fazer o setup que mais lhe agrada.

No caminho para o parque de diversões – leia-se: autódromo -, seleciono no console central a configuração Sport+, que deixa o temperamento do C 63 S com a esportividade latente, mas ainda com uma pitada de juízo (eletrônica atuando). No entanto, diante do excelente equilíbrio do AMG, proporcionado principalmente pelo ajuste da suspensão rígido e desconfortável (como manda a cartilha carros de alta performance), o Mercedes revela-se comportado. Desafia as curvas apertadas, típicas das estradas europeias, como se fosse um trem-bala japonês: veloz, seguro e nos trilhos!

Os controles de tração e estabilidade em nenhum momento entram em ação. Nem mesmo quando ‘carcamos’ o pedal da direita no assoalho nas saídas de curva, o ‘bólido’ ameaça sair de frente ou traseira, mostrando um equilíbrio digno de elogios. O C 63 S, apesar de insano, é previsível, me instigando a acelerar cada vez mais.

A cada acelerada ou retomada, eu levo um soco no peito. Com toda força disponível entre 1.750 e 4.500 rpm, ultrapassar outro veículo que trafega a 120 km/h é covardia. Destaque para o câmbio, que trabalha incansavelmente para deixar o propulsor pronto, em ponto de bala, para atender as necessidades do motorista. As trocas são rápidas e os trancos são nítidos – algo positivo para um esportivo. Em alguns momentos, chamamos o controle das trocas de marchas para as aletas atrás do volante em busca de mais emoção e controle sobre a máquina.

Destaque importante é que o conjunto motor + transmissão do C 63 é o mesmo do AMG GT, e ele substitui o 6.2 V8 aspirado da geração anterior do sedã ‘anabolizado’, que gerava ‘míseros/insignificantes’ 457 cv.

IRRACIONAIS: FIM DE SEMANA NO PARQUE


Ao estacionar atrás dos boxes da pista de Algarve, a sensação é de que a brincadeira ficou ainda mais séria. O céu aberto e o sol dão lugar às nuvens acinzentadas. Apesar de um ambiente extremamente seguro, próprio para acelerar, estou ali para (tentar) levar um renovado C 63 na nova configuração ‘S’ ao limite. E eu sei que um lapso, um simples sinal de menosprezo ao AMG, as consequências podem ser graves – grama, caixa de brita ou mesmo muro, na pior das hipóteses.

Em comboios de cinco carros, sendo que o primeiro é conduzido por um piloto Mercedes-Benz que dita o ritmo – um ritmo alucinante, diga-se de passagem -, entro na pista de Algarve pela primeira vez. Nas duas primeiras voltas, ainda com o Sport+ acionado, reconheço o circuito de curvas cegas e de raios longos. Um traçado divertido e desafiador, porém traiçoeiro se subestimado. Neste momento, a eletrônica que não havia dado as caras na estrada, atua de maneira permanente no autódromo, sinal de que os limites estão sendo ultrapassados.

Nas voltas finais arrisco. Seleciono o modo Race. A diversão então eleva o nível da responsabilidade. O teor da concentração é revisto. A cada pisada antecipada, na dose errada – ou as duas coisas ao mesmo tempo -, o C 63 S não perdoa e ‘rabeia’, obrigando a trabalhar n o volante. Na longa curva em descida e subida que antecede a reta principal, a armadilha está em querer cravar o pé no fundo antes de o carro estar equilibrado, apontando para a saída. Na reta principal, pedal da direita no assoalho. Resultado: belisco os 240 km/h.

De acordo com a Mercedes-Benz, o C 63 S acelera de 0 a 100 km/h em 4 segundos e atinge a velocidade máxima de 250 km/h, limitada eletronicamente. Mas claro que existe um pacote disponível que destrava este limite, permitindo que o AMG atinja os 290 km/h.

Com banco tipo concha, volante com excelente empunhadura e coluna direção com ajustes de altura e profundidade (o banco também oferece inúmeras regulagens), o AMG me vestiu como uma camisa tamanho ‘M’. ‘M’, aliás, que é a insígnia do concorrente direto, o BMW M3, que tem números menos impactantes – utiliza motor com seis cilindros em linha biturbo de apenas 431 cv e 55 kgf.m de torque -, mas entrega a mesma diversão ao volante.

No retorno para os boxes, a adrenalina em níveis estratosféricos não baixava. A sensação de êxtase, tenho certeza, está estampada em meu rosto. Não apenas no meu, mas nos dos demais jornalistas. Missão cumprida! Agora é pegar é pegar o caminho da roça e voltar para o hotel na maciota, ainda de C 63 S, para descansar. Eu disse “maciota”? Com um AMG nas mãos? Volto acelerando como na ida, consciente de que uma multa por excesso de velocidade poderia ser apenas uma agradável consequência. Uma cara lembrança do novo Mercedes-AMG C 63S.

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