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Honda HR-V LX: da convicção à dúvida

Bom tecnicamente, SUV compacto cobra muito e não entrega tanto


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Talvez seja um problema que eu deva tratar com uma terapeuta ou mesmo tomar remédios controlados, pois tenho o costume de estabelecer relações de amor e ódio com determinados carros. O Honda HR-V LX em sua configuração automática é um desses. O utilitário esportivo compacto mais vendido de 2015 – e que vai bem nas vendas em 2016 (obrigado de nada) – reúne qualidades arrebatadoras que me fariam assinar de olhos fechados um cheque de R$ 84.900 na concessionária, ao mesmo tempo que pisa muito feio na bola em outros que me fariam olhar para o lado – e neste caso, “olhar para o lado” significa paquerar um Renegade com segundas, terceiras e quartas intenções...

O HR-V me seduz pelo visual. Apesar de gosto não se discutir, mas se criticar, acho o Honda bonito. Tem linhas arrojadas e modernas dentro de uma personalidade discreta. Foge de uma necessidade de ser notado, muito presente no Jeep. O modelo de DNA japonês também não faz cerimônia em deixar claro que é 100% urbano. Que seu negócio é mesmo no asfalto e que não gosta de sujar de barro os pneus 215/55 R17, que 'calçam' belas rodas de liga leve de 17 polegadas.

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A principal parte de seu encanto, porém, está no andar. Ou seria desfilar? Com uma proposta focada no conforto, o HR-V é um gentleman de segunda a sexta, finais de semana e feriados. O motor 1.8 16V Flex.One casou muito bem com a proposta. Não vejo a necessidade de a Honda pensar em adotar o 2.0 16V bicombustível do Civic. Apesar de pesado – são 1.740 kg -, os 17,4 kgf.m (etanol) a medianas 4.500 rotações são suficientes para entregar a agilidade que 4,29 metros de comprimento precisam.

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A transmissão automática CVT é a consumação do conforto que falei. A progressão da velocidade é suave, sem estrangular o propulsor. Claro que se pisar fundo no acelerador o ponteiro do conta-giros belisca os 7.000 rpm e o ronco é notado. Mas para o dia a dia de uma metrópole como São Paulo, o ‘CVTzão’ é o que há. E o melhor: não existem borboletas atrás do volante para trocas manuais. Paddle Shift não são para SUVs compactos que não têm a alta performance como objeto de desejo.E a suspensão não tem surpresa. Firme na medida para não causar incômodos – como determina o manual interno da Honda (imagino). Com McPherson na dianteira e barra de torção na traseira, a absorção das imperfeições do asfalto é feita magistralmente e inibe inclinações da carroceria, especialmente em frenagens mais fortes. Aliás, o HR-V conta com freios a disco nas quatro rodas e como manda a legislação, sistemas ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem).

A posição para dirigir também é muito boa. É elevada, mas nem tanto. Está mais para uma minivan do que para um SUV de porte superior, como Toyota RAV4, por exemplo. Com ajustes de altura do banco e de altura e profundidade da coluna de direção (todos manuais), o Honda 'veste' bem motoristas grandalhões e baixinhos. Os espelhos retrovisores elétricos grandes ajudam a dar mais noção de espaço para o 1,77 metro de largura do modelo fabricado em Sumaré, interior de São Paulo.

Falando em medidas, o espaço interno é outra qualidade. Com 2,61 metros de distância entre os eixos, sobra espaço para levar três passageiros no banco traseiro – todos com terceiro encosto de cabeça e cinto de segurança de três pontos. O porta-malas com 437 litros é grande e bem projetado para bagagens grandes. A família agradece.

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Pois é...

Se a avaliação do HR-V LX terminasse nos sete parágrafos acima, eu agendaria para amanhã uma visita a uma concessionária Honda. Porém, as coisas não são bem assim...

Baseadas em um preço de R$ 84.900, as expectativas de um modelo recheado serão (sempre) grandes. Porém, o SUV escorrega feio no quesito custo-benefício. Apesar de o acabamento ser primoroso, com materiais de qualidade, agradáveis ao toque e peças muito bem encaixadas, os bancos são revestidos em tecido. O volante tem excelente empunhadura, poderia trazer muito mais funções além do comando para atender o celular pareado via Bluetooth. Ao menos dois botões para aumentar/abaixar o volume e mudar as estações do rádio.

E falando em rádio, é apenas isso que a versão LX oferece. Juro que eu esperava uma central multimídia. Ou pelo menos uma telinha de 5 polegadas de LCD igual à opção EX. Mas não. Nada. Só o rádio mesmo com conectividade Bluetooth e entradas USB e auxiliar. O básico...

O ar-condicionado é item de série (óbvio), mas não é digital. Os comandos são iguais aos do Fit LX. E por não ter uma central, barrei o impulso de contar com uma câmera de ré. Um sensor de estacionamento estaria de bom tamanho. Estaria, pois também não tem. Assim como não tem controlador ou limitador de velocidade – o popular ‘piloto automático’.

Ponto positivo para a direção, que conta com assistência elétrica, e para o freio de estacionamento, que é elétrico. O HR-V também conta com controles de estabilidade e tração, airbag duplo frontal, assistente de partida em subida, vidros e travas elétricas, e tecnologia ISOFIX para fixação de cadeirinha de bebê. Itens de segurança que ganham cada vez mais importância para o consumidor.

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Custos

O preço do seguro do Honda HR-V ficou dentro das expectativas, com valor médio de R$ 3.872. Durante cotação no AutoCompara, no entanto, me chamou atenção a ampla variação. Enquanto uma determinada seguradora cotou R$ 1.813,07 outra apresentou valor de R$ 7.350,72. Já o preço médio da franquia estacionou em aceitáveis R$ 4.565,10.

E o custo das seis primeira revisões – dos 10.000 km aos 60.000 km – ficou em R$ 4.068,51. Alerta para as manutenções periódicas de 40.000 km, que sai por R$ 1.304,24, e de 60.000 km, que custa R$ 1.250,99.

Conclusão

Tecnicamente, o HR-V LX com transmissão automática CVT é um carro excelente. É acima da média. Conquista com um desempenho sob medida e espaço interno superior, levando em conta apenas seus concorrentes diretos. Porém, quando colocamos na ponta do lápis o preço (R$ 84.900) e o que entrega por este valor em itens de comodidade principalmente, a escolha que antes parecia convicta transforma-se em um imenso ponto de interrogação. Quase inevitável ir a uam concessionária Jeep conhecer de perto o Renegade...

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