Classe C 180 Estate Avantgarde cobra caro e

Perua da Mercedes-Benz agrada, mas por R$164.900 fica difícil tirá-la da extinção


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As peruas estão em extinção goste você ou não. É possível contar nos dedos as station wagons disponíveis no nosso mercado. A Ford e a Chevrolet, por exemplo, duas das maiores fabricantes do país, não tem em seu portfólio nenhum exemplar que seja perua. Esse foi um dos motivos que tornou o teste com a Mercedes-Benz Classe C 180 Estate Avantgarde interessante. O outro foi a minha admiração pela categoria.

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O modelo chegou ao Brasil no fim do ano passado sem causar alarde. Aliás, a perua foi tão discreta que até hoje não aparece nem mesmo no site da Mercedes-Benz do Brasil. A página traz ainda a antiga geração que era chamada de Classe C Touring e que deixou de ser vendida em 2014.

Enfim, o modelo é baseado no sedã Classe C 180 Avantgarde, que tem preço de tabela de R$ 147.900 (2015/2016). No caso da state, o valor sobe para R$ 164.900, uma diferença de R$ 17 mil. Uma quantia um tanto salgada comparado ao irmão e que torna a vida da perua ainda mais difícil.

Talvez isso ajude explicar também porquê é tão raro encontrar um exemplar da Estate nas ruas, mesmo um ano depois do seu lançamento por aqui. No visual, a perua segue as linhas elegantes, esportivas e bem acertadas pela Mercedes no Classe C, vale lembrar que o sedã caiu nas graças do consumidor e atualmente ocupa a liderança entre os sedãs premium alemães (BWM Série 3 e Audi A4).

A dianteira ostenta uma grande boca com a estrela, símbolo da marca, em destaque no centro. Já os faróis são alongados e coberto por um filete de LEDs. A peça do para-choque envolve toda a dianteira e traz vários recortes, além de uma espécie de spoiler, na parte de baixo. A lateral também é recortada, dois grandes vincos, um inferior e o outro superior, convergem para a traseira, que tem estilo clássico e linhas mais retas. De lado, a perua apresenta uma caída acentuada na traseira que é características das station wagons da marca, lembra até o Mercedes CLS Shotting Brake, sem a mesma esportividade, é claro.

Como era de se esperar em uma perua, a modularidade dos bancos da Estate é muito boa. A tampa do porta-malas se abre completamente apenas com o apertar de um botão. O compartimento traz 490 litros para bagagem. O volume aumenta consideravelmente com o rebatimento dos bancos traseiros. É possível rebaixar os três assentos, somente o da direita, o do meio ou o da esquerda. A operação é prática e intuitiva, basta apertar um botão no compartimento do porta-malas. Com os assentos rebatidos, o volume de carga sobe para ótimos 1.510 litros. É espaço suficiente para os pais levarem as crianças e um monte de tralha para uma viagem até a praia no fim de semana.

O espaço é para até quatro adultos mais malas ou dois adultos e três crianças. Quem for no meio terá algum problema com o duto central, que é alto, porém terá a segurança do cinto traseiro de três pontos. Neste sentido, as dimensões são bem casadas com a proposta do carro. No comprimento, por exemplo, são 4,70 metros (dois centímetros a mais que o sedã), já na largura são 2,02 metros (com os espelhos) e 1,45 metro na altura (um a mais que o irmão). Assim como no Classe C 180, o tanque traz capacidade para 66 litros, valor sugestivo para as grandes viagens.

A perua não nega as características da marca. Isso significa ótimo acabamento interno e qualidade nos materiais empregados na construção. Os bancos são forrados em couro que traz as costuras aparentes e pequenas perfurações, os encaixes das peças é preciso e a disposição dos equipamentos envolve o motorista em um cockpit. No caso da perua testada, a cabine mesclava tons pretos com alumínio escovado, que aumentam a sensação de esportividade da versão.

A cabine é igual à do Classe C sedã. Volante multifunção com raio de três pontos, painel de instrumentos com os mostradores de velocidade e rotação do motor separados e um painel de avisos no meio. Ao lado do cluster fica uma tela multimídia que exibe diversas funções do carro. Um dos pontos que gera discussão é o formato do equipamento. Durante o teste chegaram a perguntar se a tela, que tem uma grande moldura, era na verdade um tablet adaptado.

O equipamento não é sensível ao toque, por isso existe um pequeno amontoado de botões, um deles giratório, próximo ao descansa braço, no console central. São dezenas as funções permitidas, desde regular as estações do rádio até os tipos de controle. Porém o uso não é nada prático. É preciso alternar os comandos entre botões, uma superfície sensível ao toque e um botão giratório para executar as ações.

Para um carro deste porte a Mercedes cometeu algumas falhas. O assento do motorista, que é bastante envolvente, traz ajustes elétrico de altura e encosto, mas o ajuste de distância é manual, feito por uma alavanca que vai à frente do banco, numa área de difícil acesso. Também não há teto solar nem como opcional (na Europa é oferecido um teto solar panorâmico em algumas versões). Outro equipamento presente em veículos mais baratos, o espelho interno fotocrómico (que escurece a luz vinda dos demais faróis) não está presente na Estate com o pacote para o nosso mercado.

De forma geral, a Mercedes economizou na lista de itens de série se pensando, é claro, em um carro de R$ 180 mil. Os principais equipamentos são câmera de ré, piloto automático e limitador de velocidade, aviso de perda de pressão nos pneus, ar-condicionado bizone, tampa do porta-malas com acionamento ellétrico, rodas aro 17, airbags dianteiros e laterais, de janela e de joelho para o condutor, aviso de sonolência para o condutor, controle eletrônico de estabilidade (ESP), distribuição eletrônica de força de frenagem (EBD), controle de tração na aceleração (ASR), tração eletrônica em cada roda (ETS), Assistente de freio (BAS) e assistente de partida na subida (HSA).

Sob o capô, o Classe C 180 Estate traz o conhecido propulsor 1.6L capa de entregar 156 cavalos de potência máxima e 25,6 kgf.m de torque. O câmbio é automático de sete velocidades. Segundo a fabricante, a perua faz de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos (0,2 s a mais que o sedã) e a velocidade máxima é controlada eletronicamente em 221 km/h (223 km/h, sedã). O motor recebeu etiquetagem A no teste de consumo do INMETRO. No teste, foram aferidos 9,2 km/l, no ciclo urbano e 13,6 km/l, na estrada.

No teste da WebMotors, os números obtidos ficaram próximos. Sendo 9 km/l na cidade, 13,5 km/l na estrada e 10,5 km/l no ciclo combinado. Valores muito bons para a categoria e o peso da perua. Os números poderiam ser ainda melhores se a perua contasse com sistema start/stop, já presente em boa parte da concorrência.

Apesar do propulsor diminuto da Estate, algo cada vez mais comum no mercado, o modelo tem disposição nas acelerações e destreza nas retomadas. Há cinco modos de direção (Eco, Confort, Sport, Sport + e individual), como os nomes indicam é possível fazer uma tocada bem voltada para a economia ou optar por um acerto bem esportivo. Porém, não se engane, a pegada aqui é familiar e, neste quesito, a perua prefere rodar com tranquilidade e silencia. A 120 km/h, por exemplo, o câmbio trabalha na sétima marcha e o motor a 2.200 rotações. Quase não se houve barulho vindo de fora do carro.

A Mercedes-Benz Classe daria uma bela ajuda para o segmento de peruas se não cobrasse tanto pela sua Classe C 180 Estate Avantgarde. O carro tem um desenho que caiu no gosto dos consumidores, ótimo nível de acabamento e conforto, um refinado conjunto mecânico, com destaque para o baixo consumo de combustível, mas peca no preço alto (R$ 17 mil a mais que o sedã) e na pequena lista de equipamentos de série. Desta forma, nem mesmo atualizando o site vai fazer a nova geração vender mais.

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