BMW i8

BMW i8 é esportivo em forma de gadget

Tecnológico, cupê mistura performance e eficiência energética


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Na frente, um motor elétrico. Atrás, outro à combustão de apenas três cilindros – turbo, claro! De 0 a 100 km/h em 4,4 segundos e velocidade máxima de 250 km/h, limitada eletronicamente. Podemos até não estar preparados, relutarmos até a última gota de combustível, mas fato é: os esportivos estão mudando. E para mim a ficha caiu apenas ao rodar mais de 400 km – em cinco dias – com o i8, veículo de alta performance da BMW que utiliza sistema híbrido de propulsão.

Apenas para esclarecer, as informações mencionadas no parágrafo acima são deste alemão ‘eletrizante’, que custa R$ 799.950 e que teve apenas 14 unidades vendidas em solo brasileiro até hoje (setembro/2016). Pouco. Pouquíssimo. O suficiente para transformar quem o pilota pelas ruas de São Paulo em um bicho de outro planeta. As pessoas apontam. Param. Perguntam. Tiram fotos. Se impressionam. Todas elogiam. Durante todo o tempo em que estive na companhia do i8, ninguém – absolutamente ninguém -, ousou criticar sua beleza. A unanimidade pode até ser burra, mas, de repente, tem bom gosto...

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O BMW é um típico híbrido: dois motores, um a combustão e outro, elétrico. Entretanto, no caso do i8, as baterias são recarregadas por meio de uma tomada – por isso é classificado de híbrido plug-in. Pode ser recarregado em qualquer tomada aterrada de 110 Volts ou 220 Volts, demorando 16 horas ou 8 horas, respectivamente, para ter carga completa. Também pode ser ‘abastecido’ com energia elétrica nas bases espalhadas em shoppings, mercados e concessionárias da fabricante alemã – em São Paulo são várias.

Ao contrário de 99,9% dos híbridos, que têm como principal objetivo entregar eficiência energética – elevada economia de combustível e baixos índices de emissões –, o i8 tem a obrigação ‘moral’ de proporcionar altíssimo rendimento e elevado prazer ao volante. E consegue. Com maestria. Ou melhor, com tecnologia. O motor traseiro 1.5 é a gasolina apenas, tem apenas três cilindros e é turbo. Desenvolve 230 cv de potência, 32,6 kgf.m de torque a 3.700 giros e é responsável por dar forças às rodas traseiras. Já na frente um pequeno propulsor elétrico gera 130 cv e 25,5 kgf.m de torque a zero rpm (isso mesmo, zero rpm) – impulsiona as rodas dianteiras.

 BMW i8
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Legenda: BMW i8
Crédito: BMW i8
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Os dois motores podem funcionar de maneira independente ou conjunta. Tudo vai depender da demanda do motorista. Se a ideia é não abusar da esportividade, afinal, o tráfego está pesado – situação que enfrentei por diversas vezes da Zona Norte à Zona Sul da capital paulista no caminho do WM1 -, apenas o elétrico atua (se as baterias estiverem carregadas, obviamente). O consumo de combustível, nesta situação, é absolutamente zero. Ausente também é o ruído. Sem música na central de entretenimento, apenas o rodar dos pneus no asfalto quebra o silêncio sepulcral. E não pense que o i8 torna-se insosso quando somente no motor elétrico. Sua velocidade máxima pode ser de 120 km/h.

O BMW i8 custa R$ 799.950 e teve apenas 14 unidades vendidas no Brasil até hoje

Mesmo adormecido, o propulsor à combustão está de prontidão. Além de assumir o papel de ‘salvador da pátria’ quando as baterias estão totalmente descarregadas, também funciona como força complementar para a alta performance. Piso fundo no acelerador e o bloco desperta imediatamente com um ronco que impressiona por ter somente três ‘canecos’, mas que nem de perto arrepia como um inebriante V8. O BMW ganha em agilidade. Antes somente tração dianteira, agora o i8 tem força nas quatro ‘patas’. Seu temperamento muda com sofresse de distúrbio bipolar e passa a reagir com números interessantes: 360 cv de potência máxima e 58,1 kgf.m de torque.

Eu quero é mais. E este gadget sobre rodas entrega. Puxo a manopla do câmbio para a direita. É como se eu cutucasse a onça não com uma vara curta, mas com um palito de dentes. O painel de instrumentos completamente digital, que antes exibia todas as informações sobre o veículo em um azul que a mim transmitia calma, assume tonalidade avermelhada. Agora, o carinho com a sola do tênis no pedal da direita é suficiente para o i8 ‘rosnar’ um pouco mais alto e responder de maneira mais rápida. A direção com assistência elétrica fica mais firme, direta e precisa. E até mesmo os freios regenerativos – a disco nas quatro rodas – ficam mais sensíveis, intensos e eficiente não apenas para reduzir a velocidade, mas em elevar a recarga das baterias (os freios transformam a energia cinética em elétrica).

BMW i8
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Crédito: BMW i8
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Eu quero é mais. E o i8 entrega. Chamo as mudanças de marchas para aletas atrás do volante. O motor à combustão trabalha com uma transmissão automática de seis marchas, com um escalonamento refinado, pronto para entregar todas as demandas exigidas. Os engates são rápidos e precisos. E nas reduções pode espetar marcha para baixo que o câmbio aceita até que bem desaforos, jogando as rotações acima dos ‘seis paus’ (6.000 rpm).

Eu quero é mais. E o BMW entrega. À medida que vou me empolgado ao volante – de excelente empunhadura, mas de diâmetro um pouco exagerado (poderia ser menor) -, quero levar o i8 ao limite nas curvas. A direção com assistência elétrica é de uma precisão cirúrgica. A mudança de direção é rápida e extremamente equilibrada. Muito por conta de o projeto ser extremamente eficiente em sua concepção, muito pelo incrível acerto da suspensão, independente nas quatro rodas e que mostra uma rigidez típica dos esportivos. Sim, o i8 não é confortável. Todos os buracos são sentidos e quase é possível saber o valor ao passar sobre uma moeda com as belíssimas rodas de liga leve de 20 polegadas (pneus 215/45 R20).

Controles de tração e estabilidade estão lá, mas raramente são acionados – mais uma prova do excelente equilíbrio.

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Legenda: BMW i8
Crédito: BMW i8
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Devolvo a manopla para o lado esquerdo. Deixo o i8 novamente no ‘Drive’ e na função Comfort. Pelo seletor no console central, no entanto, opto pelo modo ECO, que busca a eficiência total a partir do consumo mínimo de combustível. Neste momento, a ferida aberta pela esportividade é cicatrizada rapidamente. O i8 fica dócil. O motor a combustão volta a ser coadjuvante do propulsor elétrico. Rodando a 50 km/h ou 70 km/h – limites das pistas local e expressa, respectivamente, das marginais paulistanas – o silêncio volta a reinar. Olho para o painel de instrumentos e o computador de bordo marca 3,7l/100km, o que significa um consumo de 27 km/l. Incrível! De acordo com a BMW, este índice pode chegar a incríveis 47,6 km/l.

Na maciota, buscando a eficiência máxima que o i8 pode entregar, a fabricante alemã fala em uma autonomia de aproximadamente 600 km. Além do excelente...

Com dois motores, um elétrico e outro à combustão, o i8 entrega um total de 360 cv de potência máxima e 58,1 kgf.m de torque

Diferente, mas igual

E se tem uma coisa que o i8 faz questão de ser igual à maioria dos esportivos é nas medidas. São 4,68 metros de comprimento, 2,80 metros de distância entre os eixos, 1,94 metro de largura e 1,29 metro de altura. Pesa menos de 1.500 quilos – e este corpinho enxuto se deve a um chassi em alumínio e muitas peças em fibra de carbono, muitas delas aparentes. A distribuição de peso, aliás, é bastante equilibrada, com 49% da massa na dianteira e 51%, na traseira.

Na medida do possível, o BMW é um carro confortável...para um esportivo! Com o centro de gravidade baixíssimo, a posição ao volante é socada no chão. A sensação é de esfregar a bunda no asfalto. Os ajustes do banco tipo esportivo são manuais, assim como as amplas regulagens de altura e profundidade da coluna de direção. Para quem tem 1,70 metro de altura como eu, o i8 está na medida. Já para os ‘grandalhões’, o ‘bólido’ não é tão aprazível assim. Não para encontrar a melhor posição ao volante, mas para entrar e sair. Com a porta estilo ‘tesoura’, no melhor estilo Lamborghini Countach, os altinhos e cheinhos acabam por fazer um esforço quase que sobre natural para entrar e, principalmente, sair. E quase sempre – melhor dizendo, sempre – ‘pagam um cofrinho’.

A aceleração de 0 a 100 km/h acontece em apenas 4,4 segundos e a velocidade máxima, limitada eletronicamente, é de 250 km/h

Atrás há um espaço para duas pessoas - ´i8 é um cupê 2+2 – e conta inclusive com ISOFIX para ancorar cadeirinha de criança. É um espaço mais para dizer que existe do que propriamente para ser utilizado. Assim como todos os esportivos, este BMW é para egoístas. Para somente uma pessoa – o proprietário/motorista – e, no máximo, mais uma. Só.

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Crédito: BMW i8
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Tecnologia

O i8 é um esportivo extremamente conectado, que oferece ferramentas extremamente úteis para o dia a dia. Está disponível para smartphone um aplicativo próprio para o modelo. Basta fazer o download, colocar as informações solicitadas sobre o modelo e receber na própria central do veículo uma informação-chave para acessar o sistema. É tudo muito rápido, prático e em português. Por este app é possível ver tudo sobre o carro. Acompanhar todo e qualquer movimento. Também é possível acompanhar em tempo real a recarga.

É o tipo de recurso que todos os carros poderiam ter de série...

A central multimídia, que não tem tela sensível ao toque, tem todas as funções de conectividade entre motorista e máquina. O sistema de navegação, por exemplo, traz os pontos de recarga próximos. Está à disposição também um serviço extremamente eficiente de conciérge, que, por meio de uma atendente, passa todas as informações solicitadas pelos ocupantes do veículo. Eu utilizei para saber qual seria o ponto de recarga mais próximo da minha localização. Muito prestativa, a atendente me apresentou três opções, sendo que uma ela encaminhou a localização direto para o GPS do i8 e os dados das outras duas por mensagem.

Com meu smartphone pareado, consegui transformar o i8 em um escritório. Em um dos enormes e frequentes congestionamentos paulistanos, tive tempo, por exemplo, de ver todos os meus e-mails.

A única reclamação, que mais é um desejo de melhoria, é que esta eficiente central seja futuramente compatível com Android Auto e Apple CarPlay para que seja possível responder mensagens do Whatsapp por comando de voz, por exemplo. Uma comodidade que hoje é muito eficiente e que proporciona segurança no trânsito.

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Legenda: BMW i8
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Conclusão

O BMW i8 é um carro fantástico. Eu, que admito ser um admirador dos propulsores V6 e V8, me surpreendi com este híbrido. Ao volante suas reações são intensas. O prazer ao volante, elevado. A performance digna de um esportivo. É bonito, muito bem acabado, extremamente moderno e incrivelmente eficiente. Um gadget sobre rodas. É, os esportivos estão mudando – e parece ser um caminho sem volta...

Ancora: Conclusão Score

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