Aceleramos a Renault Clio Sport Tourer

Perua utiliza motor 1.5 diesel; pena que é impossível no Brasil


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Testes de estrada e lançamentos de carros novos são, muitas vezes, semelhantes a um experimento de laboratório – com a presença de jornalistas do automobilismo se sentindo cobaias, e não técnicos especialistas de jaleco branco testando um ‘possante’. Mas viajar de carro nas férias em família traz toda a preocupação em testar um carro novo. Não existe qualquer pressão para cumprir prazos e nenhuma suspeita de que o carro que você está dirigindo, de alguma forma, tenha sido superestimado em seus reais recursos.

Recentemente, uma semana inteira em Portugal rendeu esta oportunidade. O carro 'testado' (ou 'arrendado' para se colocar no exato contexto) foi um Renault Clio Sport Tourer Dynamique 1.5 turbo-diesel de quatro cilindros, transmissão manual de cinco marchas e tração dianteira.

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Se esta particular versão do Clio não soa familiar, é porque ele não está disponível no Brasil. Nem como uma perua, nem a diesel. Aliás, nem como um hatch – infelizmente. Aqui, infelizmente, compramos utilitários esportivos compactos ou mesmo insossas minivans. #salvemasperuas

Lançar mão de um motor a diesel em uma perua leve como o Clio, é quase obrigatório especificar transmissão automática (ou dupla embreagem neste caso), mas o preço começa a decolar para um carro pequeno e com apelo de mercado muito limitado. Alugamos o carro na França por €19.800 (R$ 78,9 mil) e mais €1.400 (R$ 5.500) pela versão automática, totalizando €21.200 (R$ 84,4 mil).

O Clio parecia uma proposta no limite para transportar uma família de quatro pessoas e bagagem para uma semana. Com o porta-malas sob pressão, espremiam-se as quatro malas e quatro mochilas com a unidade de carga cega instalada, protegendo nosso equipamento do sol e dos espertalhões.

E com espaço interior suficiente para o porte, o Clio foi também pequeno o bastante do lado de fora, com um raio de manobra surpreendentemente amplo e ideal para encarar as vielas e estradas estreitas originalmente traçadas pelos cavaleiros romanos.

No decorrer da nossa semana em Portugal, a pequena perua a diesel trabalhou obstinadamente em velocidades normalmente acima de 120 km/h, resultando em uma média de 18,5 km/l com o ar-condicionado em constante funcionamento e quatro dos cinco assentos ocupados. E não se esquecendo daquele porta-malas totalmente carregado.

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Ao contrário de outros motores a diesel de 1,6 litro ou menor, a propulsão do Clio não atingiu o ponto máximo e rendeu perfeito desempenho em marchas reduzidas pela cidade. Com 90 cv e 22,4kgf.m, o rendimento não foi surpreendente, mas assim como com outros Renault a diesel poderia percorrer todo o caminho até o limite estabelecido de 5.000 rpm.

O motor requer poucos segundos para aquecer, mas o sistema de parada automática (start-Stop) dispararia imediatamente a ignição após o pedal da embreagem ser acionado para selecionar a primeira marcha, e tudo com um pequeno solavanco e chiado.

Na quinta marcha a 100 km/h, o diesel corria em torno de 1.800 rpm. Na primeira marcha apresentou relação elevada para partidas; e por ruas e curvas convencionais o motor manteve as rotações bem baixas em segunda.

Em Portugal há poucos semáforos por quilômetro. Mais rotatórias nos perímetros urbanos de Portugal permitiram ao Clio manter-se em movimento sem a necessidade de baixa engrenagem e alto torque para disparar em cruzamentos.

A entrada da embreagem e a qualidade da mudança de transmissão formaram uma boa parceria no Clio. O câmbio manual do Clio era leve e preciso, com falha zero, não remoto e sem a sensação de emborrachado.

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Com apenas cinco faixas progressivas e propagação para aproveitar a eficiência do motor através de uma faixa de velocidades, o Clio ficou muitas vezes à mercê da gravidade, mesmo em autoestradas. Saindo de Viseu ao Norte de Portugal através de passagens costeiras montanhosas para o Porto, a velocidade do Clio deveria subir 10km/h na descida, e depois voltar a cair 20km/h.

As estradas portuguesas são também um pouco sinuosas. Ao contrário de rodovias sinuosas suavemente teutônicas, nas estradas portuguesas o carro foi realmente superior em curvas a 120 km/h ou mais onde a pequena perua entrou de modo ordenado e hábil. A sensação do bloqueio de esterço no centro dificulta manter a linha reta, mas que poderia ser explicada pela distribuição de carga útil e pelo peso do carro.

O conforto durante a condução foi louvável para um carro na margem baixa do limiar de prestígio. O Clio resolveu pequenos solavancos característicos em altas velocidades sem parecer muito macio. Pela cidade, o Clio se saiu ainda melhor. Em velocidades de cruzeiro o Renault foi bastante silencioso internamente, embora os pneus Continental de 16 polegadas fossem ouvidos sobre asfaltos mais grossos.

Quanto à posição de condução, simplesmente excelente. Os assentos dianteiros eram impressionantemente confortáveis para uma viagem longa, muito bem modelados e almofadados para envolver os ocupantes. Apresenta amplo apoio para os pés (do lado esquerdo da área dos pés neste carro LHD - Left Hand Drive), o alcance da coluna de direção pode ser ajustado ao comprimento ideal dos pedais assim como o volante para alguém de estatura média.

O Clio neste nível de acabamento destaca um velocímetro digital no centro do painel de instrumentos, abaixo do computador de bordo e ladeado por um conta-giros à esquerda além de um robusto e expressivo indicador de combustível à direita. É tudo de muito fácil interpretação à primeira vista, mas as constantes alterações de velocidades exibiram em destaque os problemas de entrega de potência e questões de engrenagens do Clio.

Quatro dos cinco assentos do Clio foram ocupados por pessoas essencialmente adultas, e ainda havia bastante espaço para as pernas de todos. A altura livre na parte traseira também é bem generosa. O único problema foi a falta de aberturas ajustáveis de ventilação para os passageiros. Somente pelo ajuste do ar-condicionado soprando para os pés possibilitava que os passageiros do banco traseiro sentissem calor ou frio emitido pelos dutos sob os assentos dianteiros.

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Uma característica peculiar de Portugal é o comportamento do motorista. Os portugueses são muito disciplinados e os motoristas de outros países poderiam pensar de outra forma, com os locais específicos para extravasar em pistas rápidas com velocidade de 40km/h ou mais acima da velocidade máxima permitida. Um motorista estrangeiro que adere ao limite de velocidade na pista da direita sente como os nativos zombam, uma vez que eles praticamente mergulham na faixa da direita, logo que conseguem ultrapassar.

Não é uma forma passiva/agressiva de dizer ao turista: 'Você está dirigindo muito devagar'. Os motoristas portugueses, cada vez mais que os alemães, ficam fora do caminho do outro.  Eles sempre querem assegurar que a faixa de ultrapassagem permaneça livre – mesmo sem uma rápida BMW ou Mercedes pressionando logo atrás.

Os portugueses também praticam comportamento sensato logo que os céus se abrem. Ao primeiro sinal de chuva eles recuam para o limite de velocidade indicado. Ao contrário dos brasileiros...

Na chuva, o Clio manteve os pés firmes no chão. Foi seguro e forte – em parte, provavelmente por não ser excessivamente dotado de potência e torque para tração de freio ou orientar as rodas na direção errada. Os freios estavam à altura para executar a tarefa de reduzir rapidamente as altas velocidades sem qualquer drama, mesmo em asfalto molhado e parar o Clio suavemente nos semáforos. No entanto, não se sabe ao certo como os freios se sairiam em circunstâncias mais exigentes. A configuração do tambor traseiro compreende tambores muito bem trabalhados com peças fundidas, mas não deixam de ser tambores.

Para encontrar nossa direção em todo o país nos tornamos muito dependentes do GPS do Clio, que pode ser configurado para emitir as instruções de rota em inglês, e a opção de escolha da locução masculina ou feminina. Encontrar caminhos de pontos referenciais ou selecionar previamente um destino tornou-se um jogo divertido de tentativas e erros, cutucando os pontos de dados marcados no gráfico da tela em português e, em seguida, pressionando o botão 'back' até que o resultado desejado fosse alcançado. É um crédito para o sistema do Clio pela facilidade de programação, apesar da barreira da língua.

Muitos elogios vão também para a segurança do Clio. Uma viagem impecável e confortável em torno de Portugal, pontuando um crédito acima de mais de 1.400 km sem dar um passo em falso.

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