Off-road sem motorista, por que não?

Land Rover mostra que trilha sem motorista é só questão de tempo

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Karina Simões
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O DNA da Land Rover é forte. Não importa se ele cruzou com SUV, com carro de luxo ou esportivo, os carros da marca sempre nascem com aquela herança de 4x4 imbatível, que começou em 1948 e foi espalhada mundo afora com a ajuda do Camel Trophy. Agora, eles querem dar um passo adiante e inserir tecnologias autônomas em veículos que rodam em pisos imprevisíveis, sem marcações, sem faixas e, algumas vezes, sem a própria estrada. E é aí que eles inovam de verdade.

Mas calma, carros da Land Rover totalmente autônomos ainda não existem, a marca está desenvolvendo tecnologias para que isso aconteça algum dia. O WM1 foi ao Reino Unido conhecer sistemas que identificam o terreno por onde o LR está passando, que são capazes de fazer os carros seguirem em comboio em uma trilha ou um safari, e que ajustam a velocidade no piloto automático para o carro transpor um rio, fazer uma curva ou passar em um atoleiro.  

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Off-road Connected Convoy

De cara, fui convidada a conhecer um sistema no qual os veículos compartilham informações na trilha. Na demonstração, eles conectaram dois Range Rover Sport equipados com a tecnologia DSRC (Dedicated Short Range Comunication) para criar um comboio conectado. Segundo os engenheiros da marca, é possível conectar muitos carros ao comboio, mas não me deram um número exato.

O sistema wireless compartilha as informações do primeiro carro com os demais da fila, como localização, derrapagem das rodas, mudanças na altura da suspensão, ajustes do All-Terrain Progress Control (um tipo de piloto automático off-road que já existe nos carros da marca) e ajustes do Terrain Response, que são os modos de pilotagem que regulam os parâmetros dos carros da Land Rover para diversos tipos de piso.

Se o primeiro carro enfrenta dificuldades no off-road, os demais são avisados instantaneamente. Agora, isso ainda é mostrado na tela de um tablet, por um aplicativo, mas no futuro todos os carros do comboio devem ser ajustados automaticamente ou até podem se reprogramar para desviar daquela rota.

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Legenda: off_road_connected_convoy_2.jpg
Crédito: off_road_connected_convoy_2.jpg
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Segundo a Land Rover, o sistema é perfeito para Safaris –onde os carros têm que seguir um veículo líder- ou mesmo para motoristas inexperientes que se apavoram no off-road. Cá entre nós, o sistema também vai cair como uma luva para os percursos de dunas dos Emirados Árabes, onde a Land Rover vende muitos carros e certamente vai lucrar bastante com todos esses assistentes.

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Crédito: off_road_connected_convoy_2.jpg
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Eu, como jornalista, e pra piorar, uma jornalista que praticamente nasceu dentro de um jipe, fiz algumas provocações aos engenheiros, do tipo: "o cara gosta de off-road não vai usar isso, né? O iniciante nunca vai aprender a sair de uma enrascada, já que o carro vai fazer tudo por ele. E se o cara da frente fizer uma besteira nosso carro também vai fazer?". Eram muitas perguntas e nem tantas respostas assim, mas a melhor delas foi: o motorista sempre terá a opção de escolher. Na maioria dos casos, todos esses assistentes contribuem para a segurança. Mesmo assim, eu sempre digo, um pouco de noção nunca é demais.

Depois de dirigirmos um luxuoso Range Rover Sport 2016, a Land Rover utilizou uma interessante estratégia – e que poderia funcionar para os dois lados.

Nos deram a oportunidade de dirigir um WJP Série 3 ano 1979 com câmbio manual. Lembre-se que a direção fica do lado direito e o câmbio do lado esquerdo. Enquanto alguns jornalistas resmungaram pelo desconforto e falta de tecnologia do irmão mais velho do Defender, eu me diverti. Assista:


TBSA


A outra novidade apresentada foi o TBSA (Terrain Based Speed Adaption), que é uma evolução do já conhecido All Terrain Progress Control (aquele piloto automático off-road). Agora, o sistema consegue ler o terreno 30 metros à frente e regular a velocidade automaticamente para transpor o obstáculo. Avançados sensores fazem a varredura do terreno para entender quão “casca grossa” é o piso, identificar valas e barrancos. Neste modo, o motorista precisa apenas determinar a velocidade máxima e controlar o volante. Aí, com as informações do terreno, o carro reage rapidamente ao ambiente, encontrando uma velocidade segura e que mantenha o conforto dos ocupantes na buraqueira.

O interessante é que o próprio sistema toma decisões. Ele reduz a velocidade em curvas, quando a suspensão acusa que está tendo muito trabalho, ou para transpor uma erosão. Ele também acelera sozinho ao identificar uma situação que exija mais “motor”.

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Crédito: off_road_connected_convoy_2.jpg
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Surface ID

O Surface ID identifica o tipo de piso –se é asfalto, grama molhada, terra, cascalho, pedra, neve-, antes do carro chegar nele de fato. Este é um dos primeiros passos em direção à condução autônoma off-road, já que assim o carro pode ajustar a tração adequada para transpor aquele tipo de piso, seja ele gelo na pista ou um simples cascalho. Eles ainda estão trabalhando para identificar a maior quantidade de texturas possível e essa tecnologia ainda não tem data para chegar nos carros de produção. Além da Land Rover, a Ford já apresentou um modelo autônomo capaz de rodar na neve, piso de baixíssima aderência. 


O desenvolvimento dessas duas últimas tecnologias ainda está no início. Dentro do carro, dividimos espaço com telas, ao menos um computador, um monte de fios, além de sensores e câmeras instalados na parte externa do carro. Nem pense em desligar o veículo. Segundo a engenheira da marca presente em uma demonstração, se o veículo for desligado, eles têm que fazer toda a programação novamente.

Ainda falta muito, mas a marca está no caminho certo. Para a alegria de alguns e a tristeza de outros, o bom e velho 4x4 ficará mais inteligente do que nunca. Aos puristas, fica o recado: se você quer diversão, assuma o volante. E outra, ter que rebocar aquele seu amigo "bração" que só empaca a trilha está com os dias contados.

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Crédito: tech_showcase_jaguar_land_rover_day_1.jpg
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