Jaguar Land Rover investe em tecnologias autônomas

Marca mostra o que está desenvolvendo para seus carros no futuro

  1. Home
  2. Últimas notícias
  3. Jaguar Land Rover investe em tecnologias autônomas
Karina Simões
Compartilhar
    • whats icon
    • bookmark icon

Quando a gente pensa em veículos autônomos, aqueles que se dirigem sozinhos, nos vêm à cabeça nomes como Volvo, Audi, Mercedes-Benz e, claro, a menina dos olhos de Elon Musk, Tesla. Até o Google, que não é um fabricante de carros, já associa fortemente seu nome à veículos inteligentes.

Dificilmente você relacionaria esse papo de tecnologias autônomas à Jaguar Land Rover, que andava bem tímida nesse campo. Como eu disse, andava.

O WM1 foi até Gaydon, na Inglaterra, para conhecer o Centro de Design e Engenharia da Jaguar Land Rover e tentar vislumbrar o que podemos esperar da marca neste campo. Os edifícios de Gaydon, cercados por pistas de testes de todos os tipos, abrigam os 9.000 engenheiros e designers da montadora que trabalham ali diariamente. É um local onde as inovações fervilham e, graças ao investimento da indiana Tata Motors, dona da JLR, as possibilidades são praticamente infinitas.

  • Comprar carros
  • Comprar motos
Ver ofertas

 jaguarlandrover_tecnologias.jpg
jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Legenda: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Crédito: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
toggle button

Ao entrar ali, sinto como se eu estivesse olhando pelo buraco da fechadura. Definitivamente, um lugar onde uma jornalista ávida por furos não poderia estar. Carros disfarçados rodam livremente pelo local, muitos, por toda a parte. Na pista de velocidade ouvimos os urros dos "v-oitões" dos F-Types mais nervosos, com pinturas que eu nunca vi nas ruas, enquanto os engenheiros fazem medições – não me pergunte do que, aliás, nem sei se aqueles felinos de fato estavam equipados com o supercharger que conhecemos ou com algum outro propulsor nervoso que a marca estaria desenvolvendo. Naquele lugar, a visita não sabe praticamente nada, mas a imaginação vai longe.

Minha vontade era clicar tudo, mas nossas câmeras foram confiscadas, as câmeras dos celulares cobertas e todas as imagens divulgadas pela Land Rover passaram por um pente fino para eles se certificarem de que não seria divulgado nada além do que eles querem mostrar. Mas até que eles mostraram bastante...

No que a Jaguar Land Rover acredita?

Segundo a marca, eles não querem apenas substituir o motorista, eles querem mostrar que os carros inteligentes não vão deixar de dar prazer a quem está no comando do volante, claro, quando ele optar por assumir a direção. E ainda nessas situações, os sistemas inteligentes estarão sempre de “olhos abertos” monitorando o entorno para ajudar a manter a segurança.

O carro inteligente estará sempre alerta enquanto você dirige. Ele nunca se distrai porque ele está conectado o tempo todo e pode ser avisado de situações. Imagine ser avisado antes, por outro carro conectado, que há um perigo após a curva? 

Carros conectados

“Em menos de três anos, todo carro vendido no mundo será um carro conectado”, foi com essa frase, que Peter Virk, Diretor de Connected Technologies & Apps da JLR abriu seu discurso. Quando ele diz carro conectado, ele está se referindo à conectividade dentro do habitáculo, que vai desde um espelhamento de celular e uma central com apps que auxiliam o motorista até tecnologias mais avançadas que conectam carros à infraestrutura e à outros carros. E essa convicção não é à toa, os números não mentem. Hoje, enquanto você lê este artigo, existem mais de 13,5 bilhões de aparelhos conectados à internet no mundo. Até 2020, estima-se que esse número suba para a casa dos 40 bilhões - e isso inclui, claro, o smarthphone, mas também relógios, casas e, claro, os carros).

Quer saber mais?

>vídeo da CES.

A conectividade dentro do habitáculo hoje, muitas vezes, fala mais alto do que a potência do carro, ou tipo do motor. O desafio do time da JLR é que as informações certas sejam passadas para o motorista na hora certa, assegurando que essa tal conectividade não se traduza em distração para o motorista e, consequentemente, acidentes.

Conheça as tecnologias que a Land Rover está desenvolvendo:

 jaguarlandrover_tecnologias.jpg
jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Legenda: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Crédito: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
toggle button

Controle de Cruzeiro Adaptativo Cooperativo (C-ACC)

Ocupei o posto de motorista –surpreendentemente não era mão inglesa, ainda- em um Jaguar XF para testar a primeira tecnologia, que é basicamente uma segunda geração do controle cruzeiro adaptativo que já conhecemos. Para quem não lembra, o controle de cruzeiro adaptativo já é uma evolução do bom e velho piloto automático. Nele, você ajusta a velocidade que quer e regula a distância para o carro da frente e, com a ajuda de sensores, o carro freia e acelera de acordo com fluxo do trânsito. A diferença do C-ACC é que os carros estão conectados via wireless, por isso, assim que habilitamos o sistema, ele se comunica com o carro da frente e qualquer redução no carro da frente é repassada imediatamente ao carro que vai atrás, sejam quantos forem.

A primeira orientação que eu recebi do instrutor foi: “Quando você habilitar o sistema, confie que o carro irá frear. Se você ficar na dúvida e, sem querer, der um toque no freio, o sistema será desativado e estragaremos a bela traseira do F-Pace na nossa frente.”  

O interessante é que os carros andam quase colados, pois a comunicação é feita em tempo real. Já que a reação é praticamente instantânea, os carros podem andar mais próximos, ou seja, quando o cara da frente pisa no freio, seu carro já está freando junto com ele. Isso, em larga escala, pode contribuir muito com o trânsito já que a rodovia poderá comportar muito mais veículos (pois eles andam bem próximos), além de reduzir o número de acidentes.  


A marca explica que simples mudanças de faixas ou saídas de rodovias, podem acontecer de maneira mais segura e eficiente, uma vez que os freios e aceleradores estarão sincronizados e o carro sabe qual a distância segura a se manter.

A tecnologia está pronta, mas a legislação ainda precisa avançar. Para que isso dê certo, todos os carros devem falar a mesma língua.

 jaguarlandrover_tecnologias.jpg
jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Legenda: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Crédito: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
toggle button

Roadwork Assist

Se você odeia dirigir em pistas que estão em obras, geralmente estreitas e cheias de cones, ou mesmo se a pintura das marcações na pista estiverem fracas e você meio perdido, este assistente pode ser útil.

Uma câmera 3D mapeia a rodovia à frente e, com a ajuda de softwares de processamento de imagem, reconhecem cones, barreiras e determinam que o veículo está se aproximando de uma área em obras. Um ícone no painel acende para identificar que o sistema está ativo e você consegue acompanhar o trajeto pela tela da central multimídia.

Na minha vez, utilizei um XE –agora com o volante do lado direito. Você já experimentou juntar imãs de mesmo polo e sentiu a força que os afasta? É mais ou menos essa a sensação. Quanto o carro se aproxima do cone uma força no volante o puxa para o lado mais seguro, mesmo que você force a direção para o lado da barreira. Quando a rodovia não tem marcações, ele identifica o meio e, novamente, o assistente na direção te “puxa” para o lado correto.

O volante desvia do obstáculo, como se ele estivesse "vivo".

Mais do que desviar dos cones, esse sistema é bom para você não bater no meio fio até se acostumar a dirigir na mão contrária e para os jornalistas pouparem os para-choques dos Jags. Brincadeiras à parte, para o sistema funcionar corretamente nós não podemos segurar o volante com força e quanto mais força aplicamos no acelerador, mais bruscamente o carro irá desviar. A Bosh está envolvida no desenvolvimento desta tecnologia, que funciona com o veículo até 80 km/h, mas a marca ainda não fala em datas para o sistema chegar nos modelos.

jaguarlandrover_tecnologias.jpg
jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Crédito: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
toggle button

Overhead Clearence Assist

A bordo de outro XE com bicicletas em cima do rack, testamos o Overhead Clearence Assist. Você, que pagou uma bala naquele bagageiro Thule, ou está transportando sua bike de trilha Scott de R$ 20 mil em cima do carro, se esquece, e entra no estacionamento do shopping. Ui! Nem preciso descrever o estrago, né?

Para evitar a tristeza, basta configurar a altura de seu carro na central infotainment e, através de câmeras que medem a altura do teto, o veículo te avisa assim que você embicar o carro em um local que ele não caiba.

Safe Pullaway

Esta situação é clássica... Quem nunca presenciou ou foi o protagonista do tal “totózinho” na traseira do carro da frente ao entrar em uma rodovia, uma rotatória ou mesmo no vai e vém do trânsito. Nessa situação, a gente acha que o carro da frente andou, e vê que não só quando beijamos seu para-choque. Batidinhas em baixa velocidade são as mais comuns.

A JRL apresentou um sistema que usa a câmera dianteira para monitorar a área imediatamente à frente do veículo. Se ele identifica um muro, um carro, ou qualquer objeto à frente e o motorista pisa no acelerador, os freios são acionados automaticamente e o carro não sai do lugar. Outras montadoras já estão ajudando seus clientes a economizar tempo e dinheiro, oferecendo em seus carros de produção tecnologias similares. Já testamos vários aqui no WM1.

jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Crédito: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
toggle button

Over the horizon warnings

Para uma comunicação eficaz, não basta carros “falarem” com carros, mas a infra-estrutura também deve fazer parte desta comunicação. A JLR instalou um comunicador no veículo e os sinais de trânsito usarão sinal de rádio para comunicar dados relevantes. As mensagens são transmitidas em até 10 milisegundos a todos os carros conectados nos arredores do “problema”.

Por exemplo, se um veículo estiver parado em uma curva cega, se vem atrás um veículo de emergência em alta velocidade –polícia ou ambulância-, ou mesmo se ocorreu um acidente. No caso dos veículos de emergência, o motorista recebe a mensagem antes mesmo de ver ou ouvir a sirene. Pude fazer a simulação na pista de testes da Land Rover e recebi o aviso.

O sistema manda a mensagem diretamente para o painel de intrumentos de cada carro e repete a instrução se achar necessário. Carros convencionais recebem o aviso, enquanto os autônomos serão capazes de tomar alguma decisão baseada nessa informação.

Ainda protótipos, as unidades equipadas com alguns dos assistentes carregam uma infinidade de fios e ao menos uma tela de computador dentro do carro, além de uma parafernalha de câmeras e sensores pendurados para do lado de fora. Todavia, a Jaguar Land Rover irá testar ainda este ano as tecnologias de conectividade entre veículos e infra-estrutura por 41 milhas de uma estrada de verdade. O trecho escolhido liga as cidades de Solihull à Coventry, ambas no sudoeste de Birmingham, Reino Unido.  

 jaguarlandrover_tecnologias.jpg
jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Legenda: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
Crédito: jaguarlandrover_tecnologias.jpg
toggle button

Nossa vida com carros autônomos

Nenhuma das tecnologias mencionadas acima é uma excepcional novidade. Outras montadoras já estão muito avançadas no campo dos autônomos. A Volvo, por exemplo, já oferece no Brasil o XC 90 cujo sistema de controle de cruzeiro adaptativo “segue” o carro da frente e comanda também o volante. O carro pede para que o motorista coloque as mãos na direção apenas por uma questão de legislação. Ano que vem, a montadora colocará nas ruas de Gotemburgo, na Suécia,100 veículos autônomos para teste.

Já a Tesla, despertou um sinal de alerta recentemente neste campo ao registrar o primeiro acidente fatal envolvendo um Model S de condução semiautônoma. Um homem morreu na Flórida, EUA, em maio deste ano enquanto usava o “Autopilot”, seu sistema semiautônomo. Esta foi a primeira tragédia envolvendo carro que se dirige sozinho.

Recentemente o Boston Consulting Group (BCG) em parceria com o World Economic Forum, divulgou um estudo dos impactos da presença de carros autônomos em ambientes urbanos. De acordo com o estudo, a popularização de carros e táxis autônomos (leia aqui sobre a recente parceria da Volvo com o Uber) resultaria em 60% menos carros nas ruas, reduzindo o congestionamento e gerando outro grande impacto: diminuição de 90% no número de acidentes entre veículos. Os benefícios também seriam ambientais, com diminuição de 80% na emissão de gases poluentes.

Para entender como a população reage à essa inovação, o grupo entrevistou 5.500 pessoas de 27 países. Entre os entrevistados, 58% andariam em um carro completamente autônomo e 69% afirmaram que pegariam um carro parcialmente autônomo. No entanto, 46% das pessoas entrevistadas ainda preferem tomar as rédeas de seu possante. Veículos autônomos ainda geram insegurança e apreensão: A falta de conhecimento sobre a tecnologia (para 27%), a possibilidade de ataques virtuais (para 23%) e o medo de uma pane geral (20%) foram preocupações apresentadas.

No futuro –e a JLR não mencionou exatamente quando será este futuro-, a marca afirma que irá oferecer a tecnologia autônoma para qualquer superfície ou terreno. Afinal, o motorista não vai querer ficar sem a assistência, só porque acabou o asfalto da estrada. É isso que eles acreditam e, graças ao seu DNA, é nas tecnologias autônomas off-road, que eles estão inovando de verdade. Acompanhe a segunda matéria da série, sobre veículos autônomos off-road.

*Viagem feita a convite da Jaguar Land Rover 

Comentários