Autônomos no automobilismo: conheça a Roborace

Competição de carros autônomos promete reinventar as corridas como conhecemos

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Karina Simões
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Uma tonelada, quatro motores e nenhum motorista. Este é o Robocar, carro que foi desenvolvido para a primeira competição de veículos autônomos do mundo, a Roborace.

As ambições são muitas, mas a Roborace ainda está dando os primeiros passos. A longo prazo, o plano é ter dez equipes competindo, cada uma com dois Robocars, em uma categoria que acompanhe o calendário da Fórmula E, corrida de veículos elétricos que está em sua terceira temporada.

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Robocar
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Crédito: Robocar
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O CARRO

Para movê-lo são usados quatro motores elétricos de 300 kW, um em cada roda, capazes de fazer o carro atingir os 320 km/h. Feito em fibra de carbono, ele pesa somente 975 kg, tem 2 metros de largura e cerca de 5 metros de comprimento (pouca coisa menor do que a média dos carros de Fórmula 1).

Um conjunto de sensores (5 LIDAR, 2 radares, 18 ultra-sonicos, 2 sensores de velocidade óticos e 6 câmeras), essenciais para qualquer carro que se dirija sozinho, enviam os dados para o cérebro do carro, o Nvidia Drive PX 2, processar. 

O software é a grande estrela, mas Daniel Simon, o designer do carro, não fica atrás. Aliás, para fazer a alegria do departamento de design, basta tirar os humanos de dentro do carro. Simon passou um tempo com a VW, Audi, Bentley e Bugatti, além também de ter projetado veículos para filmes como Prometheus, Capitão América, e claro, Tron: Legacy. O resultado está aí:

AS REGRAS

Sem pilotos, o foco será nas equipes de engenheiros que programam os carros.

Eventualmente, cada equipe que entra na Roborace receberá o mesmo hardware, mas irá ensiná-lo através de seu próprio software. Os carros utilizam a Inteligência Artificial através do Deep Learning, o que significa que eles são ensinados a lidar com a quantidade de dados que recebem durante a corrida, como fechadas, desvios e colisões. Ele deve ter instintos parecidos com os humanos e tomar decisões. O carro mais inteligente, ou seja, o que melhor souber lidar com as informações a sua volta, ganha.

As regras ainda não são claras e o desenvolvimento está sendo mais lento do que a Roborace planejou originalmente, logo, a ideia inicial de ter 20 carros disputando na temporada 2017 está cada vez mais distante.

Robocar
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Crédito: Robocar
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COM OU SEM EMOÇÃO?

Os fãs tiveram um primeiro vislumbre do que poderia ser uma corrida autônoma quando a Roborace enviou dois carros para a pista em Buenos Aires, na etapa da Fórmula E que aconteceu em fevereiro.

Com espaço para um ser humano dentro, os protótipos não eram nada atraentes como os Robocars as fizeram sua estreia para o público. Ambos desviaram de um cão que invadiu a pista, mas um deles acabou batendo contra o muro.

Na verdade, o incidente do cachorro deu à equipe algumas idéias. As corridas poderiam ser mais como desafios, com objetos colocados na pista para que a competição ganhasse emoção, que não seria depositada apenas na velocidade com voltas em torno da pista.

Muitas das inovações na história automotiva vêm das pistas. Como a Fórmula 1 para os carros a combustão, a Roborace será um grande laboratório que vem acelerar o desenvolvimento do carro autônomo para o mercado.

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Crédito: Robocar
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OPINIÃO DA JORNALISTA

Não ter humanos ao volante oferece um nível de liberdade que as competições a motor não podem permitir, simplesmente por preservar a vida do piloto. E convenhamos que os humanos e suas habilidades sempre foram aquela pitada extra de emoção. Queremos ídolos de carne e ossos, não máquinas. Chegou a era em que vamos idolatrar computadores? #meodeos

Para Bryn Balcombe, chefe de tecnologia da Roborace, o desafio será preservar o amor das pessoas pelo carro mesmo com a Inteligência Artificial no comando. De fato, o tema gera muitas questões: Vai haver ética na corrida de autônomos? Quando os carros colidirem, alguém será punido? Podemos criar carros que repliquem habilidades e personalidades de grandes pilotos como Nikki Lauda, Alain Prost ou Ayrton Senna (leiam, com seus prós e contras)? O autobilismo como conhecemos vai morrer para que a vida dos pilotos seja preservada?  Não recebi uma resposta clara para essas questões durante o GTC 2017, conferencia de tecnologia que aconteceu de 8 a 11 de maio em San Jose, na Califórnia.

Ok, a Roborace é muito interessante. Contudo, adianto que vai ser difícil convencer uma conterrânea de Ayrton Senna e viciada em MotoGP, como eu, que tirar o motorista de seu posto vai tornar as corridas mais legais. Mais seguras, sem dúvida. Mais emocionantes, não sei. Talvez pelo fato de que os humanos não estão a bordo, e sequer estão no controle direto dos carros. E confesso que isso até me dá um pouco de medo.

Enfim, acompanharei os avanços da Roborace e os manterei informados. Só espero que a moda dos autônomos não chegue à motovelocidade.

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