Aprenda a pilotar sua moto esportiva na pista!

WM1 participou do curso de pilotagem Motors Company no Velo Città

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Karina Simões
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Quando eu era criança e meu pai prometia me levar a um parque de diversões, eu mal dormia na noite anterior. A ansiedade era tanta que as memórias estão vivas na minha mente até hoje, muitos anos depois. O que mais me aproxima daquela sensação é quando sei que vou "brincar" em uma pista de corrida. 

A atmosfera é fascinante. As cores vibrantes das carenagens instigam. Cavaletes, ferramentas e cobertores de pneus estão por todos os lados. O cheiro do couro dos macacões mistura-se ao da gasolina e a movimentação nos boxes vai até o sol se pôr. Imagine tudo isso envolto pelo som furioso de motores bi, tri ou tetracilíndricos emanando pelos escapes. Por mais que eu me esforce, é difícil descrever.

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Se você curte moto -ou carro- e nunca experimentou dirigir em uma pista, deveria. Para mim, um autódromo é o verdadeiro parque de diversões, só que quando a gente cresce não basta entrar no carrinho e aproveitar o passeio. É a nossa vez de estar no comando dos “brinquedos” e, um erro, pode nos colocar em apuros. É sério! 

O primeiro –e mais acertado– passo para um simples mortal ter o gostinho de pilotar em um autódromo é realizando um curso de pilotagem. Além de aprender a pilotar direito e tirar o melhor proveito do veículo, coisa que não dá pra fazer na rua, a gente aprende que lugar de acelerar é na pista e ponto final.

Existem diversos cursos no Brasil, mas nem todas as escolas de pilotagem são sérias e estão preocupadas com a sua segurança. #fiqueatento! 

Para mostrar aos leitores do WM1 como funciona –ou deveria– um curso de pilotagem de moto dos bons, fui aluna por um dia do curso Racing Vip da Motors Company, ministrado pelo piloto Leandro Mello. Além de ser um cara acessível e muito gente boa, o Leandro tem muito conhecimento, habilidade de sobra e, o melhor, muita didática pra ensinar.

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O curso tem duração de um dia (geralmente um sábado) e acontece no autódromo Velo Città, em Mogi Guaçu, cidade localizada a 180 quilômetros de São Paulo. A pista, que fica dentro da fazenda do empresário Eduardo Souza Ramos, é particular, homologada pela FIA (Fcaptionação Internacional de Automobilismo), tem 3.493 metros de comprimento e 14 curvas. Digo mais, aquele lugar é meu “playground” predileto.


Antes de se inscrever, saiba que este curso de pilotagem esportiva é dedicado àqueles que já andam de moto e querem aprimorar sua performance. Para quem está começando, o indicado é procurar um curso de pilotagem preventiva onde o piloto aprende, entre outras coisas, sobre posicionamento correto, frenagem, aceleração e manutenção preventiva. Bem mais que o básico, já que as aulas da moto-escola são um verdadeiro fiasco.


Não, não estou exagerando. Eu mesma, durante as aulas para tirar a habilitação A, nunca –repito, nunca!– pude avançar para a segunda marcha. Meu instrutor só me permitia andar em primeira e eu tinha que aprender o suficiente para passar no exame, apenas. Com a habilitação nas mãos, a gente pega nossa motoca e cai no trânsito caótico da selva de pedra. Ou pior, o sujeito acha que sabe andar e compra logo uma 1.000 cc. Nem preciso contar o desenrolar desse papo, né?

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Voltando ao curso, o Leandro também ministra, no autódromo de Piracicaba, um curso mais básico para aqueles que querem dominar melhor a moto, seja ela uma big trail, naked, touring ou esportiva, de qualquer cilindrada. Para o curso racing, o buraco é mais embaixo, o aluno já sabe de todo aquele conteúdo e quer mais. Cada aluno leva sua moto e seus equipamentos obrigatórios: macação, luvas, botas, capacete e protetor de coluna. Sem algum desses itens, esqueça. E vale lembrar que você não precisa ter uma moto ultra potente, uma "esportivinha" de baixa cilindrada já garante a diversão e o aprendizado. 

As turmas são de, no máximo, 20 alunos. Primeiro, vamos todos para a sala de aula aprender alguns conceitos e depois entramos na pista acompanhados dos instrutores. Cada instrutor acompanha quatro alunos. As primeiras voltas servem para os alunos se familiarizarem com a pista, entenderem o traçado e dar uma acalmada na ansiedade. Durante o dia todo nos revezamos entre aulas teóricas e práticas. Essas pausas são importantes para recebermos as orientações de onde devemos melhorar e nos hidratarmos. Andar de moto na pista requer preparo físico!  

O ponto alto do curso é uma volta na garupa do Leandro na Twin Racers, uma Yamaha R1 preparada para levar o garupa. No tanque da moto há alças para o garupa segurar, basta seguir as orientações do piloto, confiar nele e aproveitar a volta. “Não tire a bunda do banco em hipótese alguma”, para falar o português claro, foi a instrução. 

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Tenho sorte de ter tido a oportunidade de dirigir de tudo naquele autódromo, de um Sandero a um Nissan GT-R, de um scooter a uma BMW S 1000 RR, mas nunca senti aquelas zebras passarem tão rápido como na volta com o Leandro. Além pegar o traçado correto, o aluno termina a volta com a sensação que é possível pilotar rápido com muita suavidade e confiar mais na moto. Se você não se imagina se divertindo horrores em uma garupa com a moto em pé a mais de 200 km/h, não sei se este esporte é indicado para você, ok? #ficaadica

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Antes da última bateria, a aula foi sobre manutenção da motoca com o especialista Marcelo Assunção Peixoto, que manja muito do assunto. Pressão dos pneus, rapid bike, câmbio invertido, escape, ponteiras, filtro, mangueira aeroquip, foram alguns temas abordados. São tantas perguntas, que os alunos só saem da sala porque há uma pista lá fora esperando e gasolina nas motos.


O curso custa R$ 1.950, valor que pode ser dividido em seis vezes. Junto com o curso acontece um track day no qual os motociclistas pagam R$ 1.000 e revezam a pista com os alunos. Para o track day, a Motors Company aceita apenas inscrições de ex-alunos ou pilotos certificados por cursos parceiros. Os instrutores dividem os pilotos por categorias em grupos A e B  de acordo com suas habilidades e eles têm toda autonomia para tirar da brincadeira alguém que tenha se empolgado demais.

O valor do curso inclui o café-da-manhã, almoço e lanche da tarde, além de água para os pilotos que estão suando o macacão na pista o dia todo. Ambulância e o certificado também estão inclusos. Se você se empolgou anote aí, o próximo curso acontece no feriado de 7 de setembro de 2016.

Minha experiência com a Honda CBR 650F 2017 

Para fazer o curso, utilizei a nova Honda CBR 650F versão 2017. Não sei se você notou, mas a moto está bem mais bonita –e também mais cara, o preço aumentou 10% para a versão com freios ABS, a única que está sendo vendida, a R$ 38.800. Em mecânica e ciclística, a 650F não mudou praticamente nada, mas a Honda (finalmente) colocou algum tempero na pintura da moto. A versão que utilizei tinha grafismos inspirados no Team HRC, divisão de competição da Honda.


A potência máxima continua em 87 cv a 11.000 rpm e o torque de 6,4 kgf.m a 8.000 rpm. Já o barulho dos quatro cilindros está cada vez mais longe de empolgar, ao menos ele não é um vilão do meio ambiente. O motor recebeu alguns ajustes no mapeamento da injeção e, para atender a nova fase do Promot 4 (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares) o sistema de escape recebeu um novo filtro de carvão ativo e um sistema de catalisador mais refinado. 


Peguei a moto com menos de 200 km rodados, ou seja, pneus zero e motor muito longe de estar amaciado. Pra completar, era meu retorno à pista depois de um acidente onde fui praticamente atropelada (em cima da moto) em uma rodovia por um motorista desatento. A brincadeira me garantiu seis parafusos e uma placa de titânio no ombro direito e um receio: será que meu braço aguentaria numa boa as seis baterias e minha vontade adormecida de andar de moto? 

Nas primeiras voltas fui com calma até o pneu aquecer e eu sentir mais confiança na moto e no braço. Só nas primeiras. Depois eu não queria mais sair dali.

Deixo três dicas a quem anda de moto – especialmente as esportivas- e quer aprimorar sua pilotagem. Primeira, use sempre equipamento completo, você vai dar muito valor a ele no dia em que cair. Não estou sendo pessimista, quem anda alguma hora cai, seja por um descuido, um motorista desatento, uma areia no asfalto... A segunda dica é: faça um curso de pilotagem. É a oportunidade de você matar a vontade de andar na pista e ver que não é tão difícil quanto imaginava. Além disso, você passa a conhecer bem mais a sua moto e descobre que esse é um investimento muito mais eficaz - e mais barato!- do que um pacote de sessões de terapia. A terceira dica é: cuidado com o excesso de confiança! Bora acelerar. 


*Agradecimentos ao time Motors Company 

 

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