Primeiras Impressões: Fiat Uno 2017 Attractive

O Fiat Uno 2017 chegou com uma série de novidades que ultrapassam a barreira de um simples facelift. A principal delas, definitivamente, é a nova família de motores Firefly (vagalume) 1.0 6V de três cilindros e 1.3 8V de quatro cilindros, ambos bicombustíveis e sem ‘tanquinho’ de partida à frio. Durante evento de lançamento do renovado hatch em Belo Horizonte (MG) tive a oportunidade de rodar com todas as versões – Attractive, Way e Sporting – e constatar que as evoluções técnicas foram boas, especialmente no propulsor de três ‘canecos’. E foi exatamente esta a primeira que acelerei...

Antes de entrar na configuração Attractive e acelerar pela bela região da Lagoa da Pampulha, observei as primeiras unidades saindo para o test drive sob a arquibancada do Estádio do Mineirão. O som típico de um três cilindros estava lá, mas era muito sutil. Discreto. Já dentro, com o cinto-de-segurança afivelado e o bloco trabalhando em marcha lenta, o silêncio também surpreendeu positivamente. Excelente trabalho de acústica feito pela Fiat, especialmente para um veículo de entrada.

Outra característica irritante de um três cilindros foi amenizada sensivelmente: trepidação. Este ‘vagalume’ 1.0 6V é o que menos faz ‘tremer’ o habitáculo entre os seus concorrentes. As oscilações provocadas pelo motor são sentidas somente nos momentos em que eu pisei mais fundo no acelerador, passando da casa dos 4.000 rpm, o que, no dia a dia dos grandes centros, é mais raro.

Com bloco em alumínio (7 kg mais leve que o anterior), esta nova unidade de força gera até 72 cv de potência máxima a elevados 6.000 rpm quando abastecido com gasolina, e 77 cv a 6.250 giros, com etanol no tanque de 48 litros. Mas o que chama a atenção é o bom torque de 10,4 kgf.m (g)/10,9 kgf.m (e) a 3.250 rotações. Durante o trajeto, observei que trabalhando em médias rotações o Firefly entrega excelente disposição para retomadas.

Apena a título de curiosidade, afinal performance não é o foco, a velocidade máxima é de 154 km/h (g)/157 km/h (e), e a aceleração de 0 a 100 km/h acontece em 13,6 segundos (g)/12,5 segundos (e).

A transmissão manual de cinco velocidades está bem escalonada – continua com engates precisos, mas ligeiramente longos. As três primeiras marchas estão bem desenhadas para entregar agilidade nas arrancadas. Sob medida para rodar na cidade. Quarta e quinta têm personalidades para entregar uma melhor eficiência, gerando economia de combustível. Rodando a 50 km/h – velocidade limite das pistas locais das marginais Pinheiros e Tietê, em São Paulo -, o ideal é ir de quarta marcha. Quinta mesmo só acima dos 60 km/h...

Segundo dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro, os números de consumo do Uno 1.0 ficaram em 13,11 km/l (g) e 9,24 km/l (e) no perímetro urbano. Com o modelo abastecido com gasolina, conseguimos atingir – dirigindo de forma econômica – a média de 15,8 km/l, de acordo com o computador de bordo. Apesar de o percurso proporcionar uma ‘tocada’ extremamente eficiente, o índice surpreendeu. Na estrada, de acordo com o Inmetro, os dados são de 15,14 km/l (g)/10,4 km/l (e).

Este comportamento econômico está diretamente atrelado a mudanças que vão além de um conjunto motor+câmbio mais moderno e eficiente. A direção agora é elétrica, substituindo a tradicional hidráulica. Melhorias na aerodinâmica para reduzir os níveis de turbulência na dianteira e sob o carro foram implementadas também.

A suspensão (dianteira utiliza McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais, e a traseira eixo de torção com rodas semi-independentes) tem uma preocupação clara com o conforto. Absorve bem as imperfeições do solo, mas chega a passar um pouquinho do ponto no quesito ‘maciez’, fazendo com que a inclinação da carroceria em frenagens mais bruscas e em curvas mais acentuadas seja mais sentida. Um pouco mais de rigidez – talvez o mesmo setup adotado na versão Sporting – deixaria o Attractive mais interessante.

Evoluções

O Uno 2017 não passou por uma revolução. Esteticamente ganhou, por fora, novos para-choques e grade frontal. Apesar de pouca, a mudança tirou aquela ‘simpatia lúdica’ que carregava desde sua primeira grande reformulação, em 2010. Por dentro, os plásticos continuam dominando. No entanto, as peças estão muito bem encaixadas e sem rebarbas. O painel das portas tem revestimento em tecido.

O Fiat não cresceu nem encolheu. Continua com as mesmas dimensões: são 3,82 metros de comprimento, 2,37 metros de distância entre os eixos, 1,63 metro de largura e 1,48 metro de altura. Isso significa que o Uno, apesar da capacidade para cinco ocupantes, leva com boa comodidade apenas quatro, e de estaturas medianas. Grandalhões no banco traseiro sofrem com os joelhos, principalmente. O porta-malas tem capacidade para até 290 litros, o que é pouco, mas ‘ok’ quando comparado aos concorrentes.

Neste primeiro contato, a unidade que testei estava completinha. No entanto, a versão Attractive, que parte de R$ 41.840, traz oferece de fábrica airbag duplo frontal, freios com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), direção elétrica com função City (deixa o volante mais leve em manobras de estacionamento – acionamento e feito por um botão), ar condicionado, faróis de neblina, vidros elétricos (dianteiros apenas) entre outros.

Alguns itens que poderiam ser de série, infelizmente, são apenas opcionais, como cinto de segurança de central de três pontos e terceiro apoio de cabeça – ambos para o banco traseiro. Ficou faltando ISOFIX para fixação de cadeirinha de criança, que não é oferecido sequer como opcional. Outros opcionais interessantes são rádio Connect integrado ao painel (entradas USB/AUX e viva-voz Bluetooth), controles de tração e estabilidade e auxiliar de partida em rampa.

Conclusão

Com este motor 1.0 6V Flex da nova família Firefly, o Fiat Uno 2017 trouxe o salto de qualidade técnica/mecânica que eu esperava no Mobi, e que não veio. Seu comportamento chama a atenção positivamente em termos de vibração e ruído (menores) e de eficiência (números de consumo impressionaram). No entanto, o preço inicial ficou acima da minha expectativa – esperava algo abaixo da casa ‘psicológica’ dos R$ 40 mil – e apostava, apesar da direção elétrica e do ar condicionado de fábrica, uma lista de equipamentos de série um pouco mais recheada, especialmente com itens de segurança (encosto de cabeça e cinto-de-segurança de três pontos na posição central do banco traseiro, e ISOFIX). Pequenos detalhes que podem fazer do Uno um hatch ainda mais competitivo...

Viagem à convite da FCA (Fiat Chrysler Automobiles)