Fórmula E é pura diversão e deve vir para o Brasil

Conheça melhor a categoria de monopostos 100% elétricos que tem tudo para ser realizada em São Paulo em 2018

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Lukas Kenji
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Não tem jeito, meu amigo, o mundo mudou. Os tempos em que barris de petróleo eram gastos a esmo em corridas de carros ficaram no retrovisor. O caro entusiasta custa a aceitar os carros elétricos, mesmo aqueles que alcançam os 100 km/h em menos de 4 segundos, caso de modelos projetados por Tesla e por Faraday Future. “Se o motor não ronca, nem exala petróleo, não é carro de verdade”, diriam os mais conservadores. Mas o fato é que para continuarmos nos deliciando com o automobilismo é necessário um planeta, e ele não vai resistir a humanos extrapolando a camada de ozônio com toneladas de gás carbônico (que o Trump não nos ouça).

Por isso, toda a cadeia automotiva vem pensando em soluções sustentáveis para bancar nossa diversão. A Fórmula 1, por exemplo, adota motores híbridos desde 2014. Aliam um propulsor 1.6 turbo V6 a gasolina com um motor híbrido, totalizando cerca de 730 cv. O ronco emitido é estranho? Muito, apesar de ficarem mais altos na atual temporada. Mas você já ouviu o som de um propulsor da Fórmula E? É mais inusitado ainda.

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Essa é a primeira sensação experimentada ao prestigiar a categoria de monopostos 100% elétricos, de acordo com a visita que fizemos à etapa de Buenos Aires, na Argentina. Mas isso fica em segundo plano diante da curtição que o evento proporciona. Treinos livres e o classificatório são realizados no mesmo dia em que a corrida é realizada. Ou seja, temos um dia inteiro para celebrar a velocidade.

E não duvide dessa velocidade. Os bólidos podem chegar a 225 km/h, sendo que alguns deles podem chegar a 100 km/h em 2,9 segundos.

Bateria invejável

Bateria da Fórmula E
Bateria da Fórmula E
Crédito: Bateria da Fórmula E
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Cada uma das 10 equipes composta por dois pilotos é livre para preparar seu próprio powertrain, mas a bateria é a mesma para todas. Desenvolvida pela Williams, pesa 320 quilos, fica localizada logo atrás do cockpit. Ela é composta de íons de lítio e tem capacidade para carregar o equivalente a 4.000 smartphones.

Não existe uma autonomia declarada, mas é certo que elas podem suportar cerca de 450 quilômetros. Isso depende muito da tocada do piloto, como explica o piloto da Panasonic Jaguar Racing, Adam Carroll. “A principal diferença da Fórmula E para outras competições é que devemos ficar atentos à maneira em que freamos, principalmente, em curvas acentuadas porque podemos aproveitar melhor a regeneração de energia dos freios e ampliar a autonomia do carro”, explicou o britânico.

 Fórmula E - Argentina
Fórmula E - Argentina
Legenda: Fórmula E - Argentina
Crédito: Fórmula E - Argentina
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A recarga completa pode ser feita em 45 minutos, muito mais rápido do que baterias de automóveis convencionais, que são totalmente recarregadas em cerca de três horas. Mas como um pit-stop não pode durar tanto, a solução é o piloto trocar de carro. Assim como em outras categorias, a estratégia dessa parada pode definir uma corrida.

Não foi o que aconteceu, porém, na prova argentina que foi vencida por Sébastien Buemi. O suíço que já foi campeão da temporada 2016 é líder do calendário atual com 75 pontos. Ele venceu todos os três ePrix disputados em 2017 e está 29 pontos à frente do segundo colocado, o brasileiro Lucas di Grassi.

Ambos já tiveram passagem na Fórmula 1, assim como outros quatro pilotos: Jean-Eric Vergne, Nick Heidfeld, Jérome d’Ambrosio e o brasileiro Nelson Piquet Jr., o Nelsinho Piquet, que foi o campeão da temporada inaugural da F-E, em 2014.

Mas o título está difícil de voltar para o Brasil. Isso porque a sintonia fina parece ter sido encontrada pela equipe Renault e.dams, do líder Buemi e de seu parceiro, o francês Nicolas Prost, filho do tetracampeão de Fórmula 1 Alain Prost, que, não por acaso, é um dos chefões da escuderia.

Conforme mencionamos, cada equipe é livre para desenvolver seu próprio powertrain, e uma das curiosidades da montadora francesa foi a escolha por uma transmissão direta, ou seja, de única velocidade. Existem equipes que utilizam caixa de duas marchas, como a Panasonic Jaguar Racing, e outras que preferem três marchas, caso da ABT Schaeffler Audi Sport (equipe de Lucas di Grassi). Também fazem parte do grid as equipes Andretti, NextEV NIO, Faraday Future Dragon Racing, Mahindra Racing, Techeetah, Venturi e DS Virgin Racing.

Mãozinha da galera

Mas uma das curiosidades da Fórmula E é que as escuderias menos acertadas têm a chance de equiparar forças com as mais fortes graças a uma mãozinha da galera. Tudo depende de quão popular são seus pilotos. Isso porque em toda etapa existe o FanBoost, um apoio que os fãs podem dar pelo site oficial da categoria. Eles elegem três pilotos que podem usar uma potência extra durante cinco segundos durante a prova. Isto é, todos os carros são limitados até 170 kW de potência durante a corrida, enquanto os escolhidos podem apertar uma aleta atrás do volante que libera 200 kW essenciais para uma ultrapassagem, por exemplo.

Fórmula E - Argentina
Fórmula E - Argentina
Crédito: Fórmula E - Argentina
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Aliás, a interação dos pilotos com o público é outro diferencial da categoria. A agenda do sábado de competição sempre reserva um tempo que todos os pilotos ficam enfileirados para dar autógrafos, algo quase que inimaginável na Fórmula 1.

O que também é impensável na principal categoria do automobilismo mundial seria utilizar um único conjunto de pneus por etapa. Ou seja, o composto deve ser versátil ao ponto de entregar o mesmo desempenho em qualquer tipo de clima, faça chuva ou faça sol – mas, vale dizer que nunca choveu em um ePrix, por enquanto.

Outro ponto que mostra a preocupação que a F-E tem com a sustentabilidade é que cada equipe tem o direito de usar uma única bateria por toda a temporada. A quantidade de carros também é limitada. Cada escuderia pode usar somente os quatro carros obrigatórios por etapa. “Isso mostra uma preocupação não só com a sustentabilidade, mas também faz com que as montadoras procurem alternativas para melhorarem seus equipamentos, o que tem consequência nos carros que vão para as ruas”, considerou o chefe da equipe Panasonic Jaguar Racing, James Barclay.

A marca britânica, por exemplo, está estreando em 2017 na F-E e está tirando lições da competição para implementar em seu primeiro veículo totalmente elétrico. O I-Pace é um SUV que está em fase conceito e deve ser lançado em 2018.

 Jaguar I-Pace Concept
Jaguar I-Pace Concept
Legenda: Jaguar I-Pace Concept
Crédito: Jaguar I-Pace Concept
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São Paulo no radar

Mas toda essa experiência que relatamos nesta matéria poderá ser vivida pelos brasileiros já no ano que vem, podendo mudar a mentalidade dos entusiastas tupiniquins. A categoria que é administrada pela Liberty Global, mesma empresa que passou a cuidar da F-1 este ano, está conversando com a Prefeitura de São Paulo para realizar a Fórmula E na capital paulista.

Segundo o site Grande Prêmio, a corrida vai ser realizada em março em um traçado pela região do Sambódromo do Anhembi, cenário que já recebeu a Fórmula Indy de 2010 a 2013. No entanto, o trajeto evitaria a movimentada Marginal Tietê para evitar transtornos ao trânsito.

A SPTuris, empresa de capital misto que é controlada pela Prefeitura, admitiu ao WM1 que está negociando a vinda da competição, mas não cravou a realização do evento.

O piloto Lucas di Grassi, que segundo a reportagem também estaria envolvido nas negociações, não quis se manifestar sobre o assunto.

Rua é tradição

O Autódromo de Interlagos teria sido cogitado para receber a F-E, mas a competição tem como característica a realização em circuitos de rua. Das 10 etapas do calendário, somente o ePrix do México é disputado em local fechado.

Além de México e Argentina, os demais países participantes são Mônaco, França, Alemanha e Bélgica, na Europa, além de Estados Unidos e Canadá, na América do Norte. Também compõem o calendário Hong Kong, na Ásia, e Marrocos, na África.

Fórmula E - Argentina
Fórmula E - Argentina
Crédito: Fórmula E - Argentina
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Ou seja, a Argentina é a única representante da América do Sul e a FIA (Fcaptionação Internacional do Automobilismo) já afirmou que a cidade não vai receber o evento, que é realizado pelos arredores de Puerto Madero, no próximo ano.

Portanto, as esperanças de que a F-E venha mesmo para o Brasil são grandes. Vamos torcer!

Viagem feita a convite da Jaguar do Brasil.

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